Estou realente impressionado com a narrativa deste sacerdote!
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quinta-feira, 23 de março de 2017
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Um mês com Maria
Pe Stefano Maria Manelli
Trazemos as meditações do livro "Um mês com Maria", do padre Stefano
Maria Manelli, um franciscano da Imaculada, nascido em 1933 e filho de
filhos espirituais de Padre Pio, do qual o menino recebeu a primeira
comunhão.
Uma meditação para cada dia, baseadas em escritos e histórias de santos, com pequenos votos ao final de cada uma.
Para ser feito preferencialmente no mes de Maio (Fonte)
1º DIA
O mês de Maria
"Eis
que finalmente voltou o mês da linda Mãezinha!" Assim escreveu uma vez o
padre Pio de Pietrelcina no começo do mês de Maio. É assim mesmo! Há
séculos que o mês de maio é o mês de Maria por excelência, o mês da
linda Mãezinha. É o mês mais lindo do ano pelo amor primaveril que o
reveste; por isso é consagrado Àquela que a Igreja canta e louva como a
"Toda Bela". É o mês que desabrocha perfumadas rosas no calor da ridente
natureza; por isso é consagrado Àquela que a Igreja exalta como "Rosa
Mística".
"Mês
de maio - assim dizia o Papa Paulo VI - nós nos recordamos da alegria
infantil com a qual, indo à escola, levávamos flores para o altar de
Nossa Senhora; velas, cantos, orações e promessas, davam alegre
expressão à nossa devoção à Maria Santíssima, que então nos aparecia
como Rainha da Primavera, primavera da natureza e primavera das almas".
O mês das graças
Maio
também é chamado o mês das graças e das glórias de Maria, porque nesse
mês se recebem abudantes graças celebrando as glórias da Mãe e Rainha
universal. Sobretudo pelos frutos espirituais que produz, o mês de maio
canta as mais altas glórias de Maria, medianeira de todas as graças. São
graças de todos os tipos que Ela doa amorosamente a quem celebra esse
mês. Graças de progresso espiritual, de renovação de vida, de conversão;
graças temporais para a saúde, para o trabalho, para os estudos, para o
crescimento, para a família. Quantas graças nesse mês abençoado!
São
Maximiliano Maria Kolbe, para ajudar o irmão em perigosas angústias
espirituais e materiais, não achou remédio mais eficaz do que
recomendar-lhe fazer o mês de maio; e lhe mandou livrinhos úteis para
seguir o mês mariano dia após dia.
Um mês de maio por engano
Um
jovem hebreu, Hermano Cohen, encontrando-se em Paris para estudar
música, tinha-se dado ao jogo e á dissipação. Necessitando de dinheiro
para satisfazer as suas brutas paixões, achou um emprego de tocador de
órgão na Igreja de Santa Valéria, por todo o mês de maio. Nas primeiras
vezes, ele tocava com total indiferença, como simples trabalhador. Mas,
sem querer, estando ali, tinha de escutar os sermões que se faziam sobre
Nossa Senhora. Dia a dia escutando, o seu espírito começou a
perturbar-se e o seu coração a comover-se. No fim do mês de maio, pensou
seriamente em se preparar para o batismo e se tornar Católico. E não
muito tempo depois se fez batizar naquela mesma Igreja. Junto recebeu o
dom da vocação religiosa; transformou-se em um religioso carmelitano e
morreu em conceito de santidade. Quantas graças não recebeu ele por
aquele mês de maio feito por acaso!
Pela Igreja Inteira
Fazer
o mês de maio é, então, acumular graças, é resolver problemas ou
situações dolorosas, é obter o patrocínio da Mãe divina. Por isso a
Igreja, os Pontífices, os santos, recomendam tanto de celebrar, com
devoção, os meses marianos. O Papa Paulo VI, em 1965, publicou uma
Encíclica sobre o mês de maio para reafirmar expressamente que a Igreja o
considera o mês mais fecundo de oração e de graças celestes para todas
as necessidades para a Humanidade e para a Igreja: "Porque o mês de maio
traz essa poderosa chamada a uma intensa e confiante oração e porque
nele os nossos pedidos acham mais fácil acesso ao coração misericordioso
da Virgem; foi feito uso pelos nossos predecessores escolher esse mês
consagrado a Maria para convidar o povo cristão para orações públicas,
cada vez que a Igreja o necessitasse ou que qualquer perigo ameaçasse o
mundo!"
Façamo-lo bem
Não
percamos essa grande ocasião de Graça! E procuremos fazer com que
ninguém perca. Convidemos os nossos amigos e nos esforcemos a fazer
nossos caros participar às funções do mês mariano. Maria não despedirá
ninguém de mãos vazias. Lembremo-nos que Ela mesmo, aparecendo com as
mãos que projetavam raios luminosos, disse a Santa Catarina Labouré:
"Estes raios são o símbolo das graças que Eu estendo sobre as pessoas
que mo pedem". E Santa Catarina, com o exemplo de São Felipe Néri, São
Camilo, Santo Afonso Maria de Ligório e de tantos outros santos, queria
que sobretudo o mês de maio se intensificasse a oração mariana, o
humilde recurso Àquela que se assenta no "trono das graças, para obter
misericórdia e achar graças na necessidade" (cf. Hb 4, 16). Aos pés de
Maria achamos a fonte de todas as graças e da santidade.
Votos
Se empenhar para levar alguém à Igreja durante o mês mariano;
Recitar o Rosário para que muitos dediquem o mês de maio a Maria;
Rezar a São José, para que nos ensine nesse mês de maio a amar Nossa Senhora.
Os
dias ficam mais leves de serem vividos quando entregamos tudo a Ela,
pois Ela entrega tudo a Cristo, como São Luís Maria Grignon de Montfort
escreveu em seu Tratado de Devoção: Maria, conhecendo Seu Filho, sabe
como melhor entregar nossos pedidos e agradecimentos a Cristo.
2º DIA
A Salvação da Alma
Maria
apareceu em Fátima para nos lembrar, sobretudo, da necessidade da
salvação da alma. Por isso ela recomendou com insistência aos 3
pastorinhos de rezar e fazer penitência pela conversão dos pecadores: "Muitas almas vão para o inferno porque não há quem reze e se sacrifique por elas!".
Antes de mais nada, Maria se preocupa em salvar as nossas almas. Na
verdade, Ela se preocupa também com nossas necessidades temporais; mas a
Graça que Ela quer nos conceder antes de todas as outras é certamente a
salvação da alma. Essa é certamente a Graça das Graças, a Graça que
vale a eternidade do Paraíso. O Apóstolo São Pedro escrevia aos
cristãos: "Conseguindo a meta da Vossa Fé, isto é, a salvação das vossas
almas". (I Pd 1,9) Mas nós, que conta fazemos da salvação da nossa
alma? Nos preocupamos mesmo? Como é triste, infelizmente, dever
responder que muitas vezes fazemos como aqueles filhos doentes que, ao
invés de pensar em fazer a devida cura e recobrar a saúde, são
indiferentes à cura e só pensam em divertir-se!
"Que serve ao homem..."
É
possível que não entendamos como seja de primária importância trabalhar
principalmente para a salvação da alma? Lucro, estudo, trabalho,
divertimento, comércio, família, carreira são coisas secundárias com
respeito à salvação da alma. "De que serve ao homem ganhar o mundo inteiro se depois perde a sua alma?"
(Mt 16, 16) E ainda em parábola: "As terras de um homem rico tinham
tido uma boa colheita. E ele, consigo mesmo, assim pensava: como farei
se não tenho mais lugar para guardar a minha colheita? Eis, disse, farei
assim: demolirei os meus celeiros, construirei outros maiores, onde
guardarei toda a minha colheita e os meus bens; depois direi à minha
alma: ó Alma, tens uma grande reserva de bens por muitos anos; descansa,
come, bebe e diverte-te! Mas Deus lhe disse: Louco! Esta mesma noite te
será tirada a vida; e aquilo que preparaste pra quem será? Assim será
também para quem acumula tesouros para si, mas não cuida de ter o que
para Deus." (cf. Lc 12, 16-21) Poderia falar Jesus mais claro no Seu
Evangelho? Por que esquecemos disso ou não lembramos como deveríamos?
Bom para nós que Nossa Senhora nos vem lembrar disso com amor materno e
nô-lo recorda também neste lindo mês.
"Ele está salvo!"
Fazer
o mês de maio/outubro pode valer a salvação eterna de nossa alma. Eis
um exemplo muito instrutivo: Em Ars, um dia, chegou uma senhora abatida
pela dor que a levava ao desespero. Poucos dias antes tinha perdido o
marido tragicamente. Suicidara-se, jogando-se de cima de uma ponte, num
rio. A mulher era atormentada pelo pensamento da danação do marido.
Entretanto, na igreja de Ars, a pobre mulher logo se ajoelhou para rezar
e chorar. Era a 1ª vez que ia a Ars. O santo Cura d'Ars, passando-lhe
ao lado, sussurrou-lhe aos ouvidos: "Ele está salvo!". "O que?" -
exclamou a mulher. "Ele está salvo!" - repetiu o santo - "Está no
purgatório e precisa rezar muito por ele. Entre o parapeito da ponte e o
rio teve tempo de se arrepender. Foi Nossa Senhora quem lhe obteve a
graça. Lembre-se do mês de maio que fazia no quarto. Às vezes seu
marido, embora não religioso, se unia à sua oração e às vezes até punha
uma flor junto à imagem de Maria. Isto lhe obteve o arrependimento e o
extremo perdão!".
A coisa mais necessária
Quem
toma conta da salvação da alma se assemelha a Maria de Betânia que está
aos pés de Jesus, atenta às Suas palavras de vida eterna. Marta, ao
invés, se perde atrás de muitas coisas. É a imagem daqueles que se
preocupam com as coisas terrenas e secundárias e não tem tempo para
cuidar da alma. Mas a salvação da alma é sempre "a única coisa
necessária!" (Lc 10, 42). Quanta bobagem em nossa vida se entre os
perigos do mundo, não ligamos para esta única coisa necessária. Em uma
carta escrita por São Gabriel de Nossa Senhora das Dores a um seu
companheiro de Liceu está escrito: "Tens razão de dizer que o mundo é
cheio de perigos e tropeços, e que é muito dificil salvar-se a nossa
única alma; nem por isso deves perder a coragem. Amas a salvação? Foge
aos maus companheiros; o teatro onde muito amiúde se entra em Graça de
Deus e se sai depois de tê-la perdido ou posta em grande perigo. Amas a
salvação? Foge às conversações muito livres, aos livros maus que podem
fazer a todos um mal sem fim. Demos ouvidos aos Santos! Usemos os meios
de guarda para salvar a nossa alma. "O que poderá dar o homem em troca
de sua alma?" (Mt 16, 26)
A escada branca
Um
dia padre Pio passava lentamente entre uma multidão de homens. Um jovem
lhe gritou de longe: "Padre, me diga uma palavra decisiva. O que devo
fazer?" Padre Pio olhou-o com profundidade e disse-lhe: "Salve a tua alma!"
Eis o essencial, todo o resto passa! A salvação da alma dura
eternamente. E Nossa Senhora quis nos assegurar a salvação com a nossa
colaboração do uso dos meios da salvação: a oração, os sacramentos, a
penitência, as boas obras e em especial, a devoção mariana. Também São
Francisco de Assis na famosa visão de Frei Leão, em cima da escada
branca e da escada vermelha, assegura-nos que a devoção a Nossa Senhora é
garantia de salvação. De fato, todos os que subiam pela escada em cima
da qual estava a Bem-Aventurada Virgem chegavam ao Paraíso; aqueles da
escada vermelha, quanto esforço em vão!
Votos
Empenhar-te em examinar a cada dia a tua alma (exame de consciência);
Perguntar-te sempre: "Faz bem a minha alma essa ação, esse pensamento?";
Fale com os outros a respeito da salvação da alma.
3o DIA
O Tempo para salvar-me!
Na
Terra Deus me dá o tempo para me salvar e me santificar. "Ele nos quer
todos salvos". (I Tim 2,4), quer a nossa "Santificação" (I Ts 4,3) e nos
dá a possibilidade através do arco de tempo estabelecido para a nossa
vida terrena. O arco do tempo pode ser mais ou menos longo. São Domingos
Sávio se santificou vivendo somente 15 anos. Santo Afonso Maria de
Ligório, vivendo 91 anos. A medida do tempo está nas mãos de Deus,
"patrão da vida e da morte" (Sb 16,13). Nós devemos só utilizar o nosso
tempo segundo a finalidade para a qual Deus nos criou, ou seja: "para
conhecê-Lo, amá-Lo e servi-Lo nesta vida e depois adorá-Lo no Paraíso",
segundo o catecismo de S. Pio X. Isto significa: "Operar o bem enquanto
tivermos tempo". Como recomendava S. Paulo (Gl 6,10). Tudo me deve
servir pra conseguir o gozo eterno do Paraíso que consiste na visão
beatífica de Deus. Se assim não for, se trabalha inutilmente, perdendo
incalculáveis méritos e energias.
A
um velho eremita, um dia, perguntaram a idade. "Tenho 50 anos",
respondeu."Não é possível! - respondeu o visitante - Tens, certamente,
mais de 70.". "É verdade - respondeu - A minha idade seria 75, mas os
primeiros 25 eu não conto, pois passei longe de Deus".
A que me serve?
São
Bernardo dizia: "Todo o tempo que não usamos para Deus é perdido". Por
isso, São Luiz Gonzaga, como tantos outros santos, se propôs de
perguntar-se antes de cada ação: "A que me serve para a eternidade?" E
refletindo profundamente, compreendeu bem como valesse a pena renunciar a
posse de um principado e a um futuro de glórias terrenas para se
consagrar inteiramente a Jesus e a aquisição da Glória Eterna,
consumindo-se de amor por Deus e pelo próximo. Santo Afonso Maria de
Ligório obrigou-se com um voto especial: o de não perder um átimo de
tempo! E o observava com um heroísmo que comovia.
Quando
escrevia por horas e horas aquelas páginas de doutrina e de piedade que
iluminavam tantas almas, se às vezes lhe doía a cabeça, apertava com
uma mão uma pedra sobre a testa e com a outra continuava a escrever. Se
quiséssemos examinar o uso do nosso tempo e a finalidade das nossas
ações, não é verdade que deveríamos pôr as mãos na cabeça? Quanto tempo
perdido! Talvez estejamos prontos para dizer de não ter tempo nem para
qualquer minuto de manhã e a noite, ou para dizer um Terço (15 minutos),
ou para fazer uma boa obra... E depois não nos damos conta de perder a
cada dia horas de tempo livre vendo televisão ou indo ao cinema, aos
bares ou à rua, ou indo ao campo de futebol entre cigarros, canções e
conversas fiadas. Este é o uso do tempo livre de muitos cristãos!
Colho o que semeio
O
que dizer da finalidade sobrenatural que deveriam ter as nossas ações?
Agimos somente com finalidade de lucro. Se faz tudo por interesse. Se
trabalha só pelo dinheiro. E que prontidão súbita quando devemos nos
queixar por inconvenientes incômodos ou perdas! É tudo calculado. Tudo
me deve dar o máximo de rendimento e gozo com o mínimo esforço. Talvez
no nosso comportamento não exista nem um sopro de Amor a Deus, um aceno
de intenção sobrenatural, um odor de elevação à finalidade mais alta
pela qual um cristão deveria agir. "Quer comais, quer bebais, ou façais
qualquer outra coisa, fazei tudo pela Glória de Deus". (I Cor 10,31).
Como faremos juntos de Deus? Se é verdade que um dia prestaremos conta
até de cada palavra ociosa (Mt 12,36) tanto mais prestaremos conta de
cada minuto perdido. Em um minuto de tempo se podem fazer diversos atos
de Amor a Deus. Assim faziam Santa Bertila Boscardin que passava pelos
quartos do Hospital recitando amorosamente o Rosário. Nós, ao invés,
passamos de ação em ação, de lugar em lugar só atentos ao nosso
interesse. Mas não nos iludamos: "aquilo que o homem semear, aquilo
colherá!" (Gl 6,8). Se enchermos o nosso tempo de ações feitas para
Deus, colheremos um dia a visão serena de Deus. Se ao contrário,
colheremos os sofrimentos do Purgatório, ou, não queira Deus, do Inferno
Eterno!
Um belo exemplo
Olhemos
um modelo de Santo nosso contemporâneo: o Beato José Moscatti, grande
médico napolitano. Não viveu muito, mas encheu seu tempo de coisas
nobres e santas. Todos os dias ele começava sua jornada às 5 horas da
manhã, com duas horas de oração recolhida e intensa. Fazia sua
meditação, participava da Santa Missa, recebia a Santa Comunhão e fazia
um longo agradecimento. Sem estas 2 horas e sobretudo sem a Santa
Comunhão, ele dizia não ter coragem de entrar na sala médica para
visitar os doentes. Logo depois das 2 horas de oração, entrava nos becos
de qualquer bairro da velha Nápolis, descia a qualquer gueto ou subia
em qualquer porão a visitar gratuitamente doentes em condições penosas e
miseráveis. Continuava a sua manhã com a escolha e com as visitas
médicas no Hospital. Antes de uma diagnose, nos momentos de dificuldade,
punha a mão no bolso, apertava o Rosário por um momento, rezava a Nossa
Senhora. Durante as visitas não era menos preocupado de recomendar aos
enfermos a cura da alma, dando conselhos e avisos concretos, como
aqueles de confessar-se e comungar. Ao meio dia, ao soar o sino do
Ângelus, embora estando em sala médica, recitava sem falta a Oração,
convidando os presentes a rezarem com ele. De tarde continuava as
visitas médicas em casa até o pôr-do-sol. Fechava seu dia com a visita
ao Santíssimo Sacramento, com a recitação do Santo Rosário e as orações
noturnas. Morreu durante as suas visitas médicas, amando os corpos e as
almas dos enfermos. Eis um verdadeiro cristão que "operava o bem
enquanto tinha tempo". (Gl ,10).
Votos
Começar e terminar o dia com as orações de manhã e a noite;
Mortificar os olhos e a língua para não perder tempo em curiosidades e conversas;
Rezar ao invés de falar futilidades e/ou inutilmente.
4° DIA
A MORTE
A
morte é a porta da vida eterna. Através dela se entra no além. É uma
passagem obrigatória. “É destino do homem morrer” (Hb 9,27). Um destino
que leva a marca da culpa original: “A morte é o salário do pecado” (1
Cor 15,21). Por isso é terrível morrer. E a morte nos demonstra
cruamente quanto é verdadeira a palavra de Deus: “Lembra-te, homem, que
és pó, e ao pó voltaras” (Gn 3,19).
Com
a redenção operada por Jesus, porém, a morte na graça de Deus é o sinal
da salvação eterna; para os Santos, a morte é a entrada no Paraíso. São
Paulo parece gritar de alegria quando escreve: “Para mim a morte é um
lucro” (Fl. 1,21). Por isto São Tomas Morus, condenado à morte pelos
heréticos, no dia do suplício quis vestir sua roupa mais linda e
preciosa. E São Carlos Borromeu se fez pintar um quadro sobre a morte,
que figurava um moribundo cheio de serenidade; perto dele estava um anjo
lindo com uma chave de ouro na mão, pronto para abrir a porta do
Paraíso. Que graça é morrer Santo! “Preciosa para Deus é a morte dos
seus Santos” (Sl 115,15).
Quando? Como? Onde?
A
morte é a coisa mais certa, mas ignoramos quando virá, como virá, onde
virá. Se pode morrer no seio materno, ou com cem anos de idade; se pode
morrer na própria cama ou no meio da rua. Ao deitar-nos, não sabemos se
veremos o sol; ao nos levantar, não sabemos se chegaremos a noite.
Estamos certos só disso: “Não sabemos nem o dia nem a hora” (MT 25,13); a
morte “chegará como um ladrão noturno” (1 Ts 5,2), ou seja, escondida e
de surpresa. Por isso Jesus nos avisa com energia: “Estejais prontos!
Porque na hora que não creis o filho do homem chegará” (Lc 12,40).
Quão
grande deve ser a nossa loucura, senão queremos pensar na morte,
porque, seguindo o que se diz, nos entristece a vida! E não refletimos
que em tal modo nos parecemos como avestruzes, que põem a cabeça dentro
da areia para não ver o perigo que as destrói.
Que
tragédia será uma má morte; só entenderemos na eternidade. O demônio
bem sabe quanto é saudável o pensamento da morte. Por isso, o faz
parecer uma coisa horrível, tendo-nos despreocupados e felizes entre
vícios e pecados.
Ao
Papa Pio XI, um dia se apresentou uma senhora pedindo uma lembrança
pessoal. O Papa estava na rua; observou a senhora vestida de luxo
mundano; se inclinou ao chão, recolheu um pouco de pó e fez na testa da
senhora uma cruz, dizendo: “lembra-te que és pó e ao pó voltarás”. Não
lhe poderia dar uma lembrança mais pessoal!
Está sempre prontos
Somos
capazes de preencher os nossos dias de trabalho, de divertimentos, de
sexo, de política, de esportes, de fumo, de televisão e de internet.
Vivemos amarrados e desorientados pelas tensões do lucro, do prazer, do
sucesso. E nem nos preocupamos que no entanto estamos indo “lá onde
todos são encaminhados” para a eternidade. E as realidades terrenas, os
afazeres temporais, a saúde do corpo, as coisas materiais nos
escravizam, nos adormecem em uma letargia espiritual que pode ser fatal.
Jesus nos recomendou muitas vezes no evangelho de nos fazermos achar
acordados espiritualmente e operosos para o reino dos céus: “bem
aventurados aqueles servos que o patrão, em sua chegada, encontra
acordados!” (Lc 12,37).
Estar
“acordados”, estar “prontos”, significa sobretudo viver sempre na graça
de Deus, evitando o pecado mortal ou pedindo imediatamente perdão e
confessando-se o mais cedo possível, se houver a desgraça de cair. São
João Bosco dizia aos seus jovens que acordassem até mesmo às duas da
madrugada para se confessarem, se tivessem caído em pecado mortal. Deve
ser esta a primeira e absoluta preocupação de todo o cristão: em
qualquer momento a morte com a sua imperdoável “foice” (Ap 14,14), me
deve achar na graça de Deus.
A
graça de Deus é como o óleo das lâmpadas na parábola evangélica das dez
virgens. As cinco virgens prudentes que tinham o óleo nas lâmpadas,
entraram com o esposo às bodas; as cinco virgens distraídas, foram
excluídas das bodas porque tinham as lâmpadas sem óleo. “Não vos
conheço” foi a terrível palavra que o Senhor lhe disse (MT 25, 1,13).
Pensemos, ao contrário, na morte de São Bento. Quando sentiu o momento
da passagem à outra vida, o santo patriarca quis ser amparado em pé por
dois monges, estava assim, com os braços levantados, no ato de “de ir ao
encontro do esposo” (MT 25,6).
Na hora da nossa morte
De
Nossa Senhora obteremos a graça de uma boa morte. Esta graça é tão
importante que a Igreja nos ensina a pedí-la a cada Ave Maria: “rogai
por nós, agora e na hora da nossa morte”. Feliz a morte de quem amou
Maria, de quem invocou Maria! Santa Maria Madalena Sofia Barat dizia que
“a morte de um verdadeiro devoto de Maria é um pulo de um menino entre
os braços da mãe”. E São Boaventura escreveu que morrer “com a pura
invocação da Virgem, é sinal de salvação”.
Quando
São João Bosco teve a aparição de São Domingos Sávio poucos dias depois
que este havia morrido, quis fazer-lhe esta pergunta:
- Diga-me Domingos, qual foi a coisa mais consoladora para ti, na hora da morte?
- Dom Bosco, adivinhe?
- Talvez o pensamento de ter bem guardado o lírio da pureza?
- Não.
- Talvez o pensamento das penitências feitas durante a vida?
- Nem isso.
- Então terá sido a consciência tranquila... livre de todo o pecado?
-
Este pensamento me fez bem; mas a coisa mais consoladora pra mim na
hora da morte foi pensar que tinha sido devoto de Nossa Senhora! Diga-o
aos seus jovens e recomende com insistência a devoção a Nossa Senhora.
Votos
- Oferecer o dia pelos moribundos;
- Viver como se fosse o seu ultimo dia de vida;
- Ler e meditar a parábola das 10 virgens (MT 25,113)
5º DIA
A meditação sobre o Juízo de Deus é tão saudável ao homem que Santo Agostinho dizia: "Se os cristãos não ouvissem outra pregação além daquela sobre o juízo de Deus, só esta bastaria para fazer observar o Evangelho e viver santamente na Graça!". E na verdade não mudariam talvez tantos nossos comportamentos se muitas vezes tivéssemos a coragem de nos perguntar: Como gostaria de achar-me agora sob o Juízo de Deus? Tal recomendação nos vem feita também por São Tiago: "Falai e procedei como quem deve ser julgado!" (Tg 2,12). O Juízo de Deus será um verdadeiro juízo e glorificará sem fim a Justiça de Deus que "submeterá a juízo cada obra, por quanto escondida, boa ou má que seja". (Tg 12,14). Ao juízo de Deus nós aparecemos o que fomos, sem máscaras nem fingimentos, com todas as nossas culpas mais secretas e vergonhosas. Nada poderá fugir aos olhos de Deus, nem uma fragilidade, nem uma palavra ociosa. (Mt 12,36).
A quem recorreremos?
O juízo de Deus somos nós mesmos a prepará-lo com a nossa vida. Qual será a nossa vida, tal será o juízo de Deus. "Cada um será réu segundo a própria obra", diz-nos Jesus (Mt 16,17). Mas se a vossa obra não tiver sido conforme o Evangelho, ou seja, tudo por amor a Jesus e aos irmãos (Mt 25,31-46) a quem poderemos recorrer naquele átimo que será fulminante como um “piscar de olhos”? (I Cor 15,52). É antes, é agora que devemos providenciar em obter um juízo de salvação! (II Cor 6,2) é o tempo da misericórdia! Desde quando estamos em vida podemos obter a abundância de misericórdia recorrendo a Nossa Senhora. "Mãe de Misericórdia", como a invocamos na Salve-Rainha. E será uma Graça especial se nos extremos tormentos de vida podermos a Ela recorrer, indo com confiança ao trono da Graça para obter misericórdia! (Hb 4,16). São Maximiliano Maria Kolbe dizia que até se tivéssemos já um pé no inferno, se invocamos Imaculada, Ela nos obterá a salvação eterna. São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, no leito de morte, na sua agonia, sofreu assaltos do demônio. Se via agitado. O confessor o abençoou, e pensou que quisesse mudar de posição. "Não - murmurou o Santo - procuro a imagem de Nossa Senhora! A Imagem estava sobre o leito, mas entre as pregas da colcha. Logo que a viu, ele ficou sereno, olhou-a com amor e disse: Mãzinha, mais depressa!” Também São Camilo Léllis no leito de morte foi assaltado pela lembrança de culpas cometidas na sua desordenada juventude. O Santo mandou trazer um quadro da Cruz com Nossa Senhora das Dores aos pés e com ardente paixão rogou à Virgem das Dores de clamar por ele. Morreu contemplando serenamente a Mãe das misericórdias. Que nos seja permitido apresentar-nos ao juízo de Deus, contemplando a Mãe Celeste.
Votos
Perguntar-nos sempre: "Como gostaria de achar-me diante do juízo de Deus?";
Meditar Mateus 25,31-46 e fazer atos de caridade.
O JUÍZO DE DEUS
A meditação sobre o Juízo de Deus é tão saudável ao homem que Santo Agostinho dizia: "Se os cristãos não ouvissem outra pregação além daquela sobre o juízo de Deus, só esta bastaria para fazer observar o Evangelho e viver santamente na Graça!". E na verdade não mudariam talvez tantos nossos comportamentos se muitas vezes tivéssemos a coragem de nos perguntar: Como gostaria de achar-me agora sob o Juízo de Deus? Tal recomendação nos vem feita também por São Tiago: "Falai e procedei como quem deve ser julgado!" (Tg 2,12). O Juízo de Deus será um verdadeiro juízo e glorificará sem fim a Justiça de Deus que "submeterá a juízo cada obra, por quanto escondida, boa ou má que seja". (Tg 12,14). Ao juízo de Deus nós aparecemos o que fomos, sem máscaras nem fingimentos, com todas as nossas culpas mais secretas e vergonhosas. Nada poderá fugir aos olhos de Deus, nem uma fragilidade, nem uma palavra ociosa. (Mt 12,36).
Que confusão...
Se
não morrermos santos, será grande a confusão que provaremos. S.
Jerônimo escreveu que lhe tremia o corpo inteiro somente em pensar no
Juízo de Deus e os seus castigos. "No fim do ano escolástico - escreveu o
servo de Deus, Dolindo Ruotolo - cada aluno se apresenta aos
examinadores para ser interrogado. O mesmo acontece com a alma: aquela
pecadora e obstinada no mal é condenada ao fogo do inferno; a alma
medíocre vai ao Purgatório para reparar e descontar as suas penas; a
alma toda pura é acolhida na glória e na felicidade do Paraíso".
Lembremos sempre das palavras de Jesus: "Vigiai e orai em cada tempo a
fim de que sejais dignos de fugir a futuros castigos e possais aparecer
sem temor junto ao Filho do Homem"(Lc 21,36). Ao juízo de Deus veremos o
verdeiro balanço (Lc 16,2) inapelável e justíssimo. E Santo Agostinho
nos diz que o demônio será o pior acusador da nossa alma (cf Apc 12,10).
"Senhor, dirá o demônio - esta alma não observou os mandamentos da Tua
lei, mas da minha. Dá-a a mim porque me pertence".
Ousaremos
apenas sussurrar: "Senhor, ao seguir o demônio parecia mais fácil; a
Tua lei é muito dura...". "Não é verdade! não é verdade! - dirá o
acusador - Eu te fazia trabalhar até no Domingo, enquanto a Lei de Deus
te precedia descanso. E tu trabalhavas para mim. Eu te fazia beber vinho
até quando não tinhas mais sede e te fazia mal com a bebedeira.
Coloquei-te sob as bestas. Te ordenava dançar e tu cansado de seis dias
de trabalho te esgotavas em dançar para me fazer rir. E te sugeria um
encontro equívoco e tu deixava os teus, embora fizesse frio, chovesse ou
nevasse. Eu te dizia gastar nos vícios e o resultado de todos os teus
suores da semana e tu que tinha medo de dar um tostão de esmola,
consumias nos bares com os amigos todo o sustento da tua casa. Não era
leve o meu fardo! Mas tu o preferistes àquele de Deus."
A quem recorreremos?
O juízo de Deus somos nós mesmos a prepará-lo com a nossa vida. Qual será a nossa vida, tal será o juízo de Deus. "Cada um será réu segundo a própria obra", diz-nos Jesus (Mt 16,17). Mas se a vossa obra não tiver sido conforme o Evangelho, ou seja, tudo por amor a Jesus e aos irmãos (Mt 25,31-46) a quem poderemos recorrer naquele átimo que será fulminante como um “piscar de olhos”? (I Cor 15,52). É antes, é agora que devemos providenciar em obter um juízo de salvação! (II Cor 6,2) é o tempo da misericórdia! Desde quando estamos em vida podemos obter a abundância de misericórdia recorrendo a Nossa Senhora. "Mãe de Misericórdia", como a invocamos na Salve-Rainha. E será uma Graça especial se nos extremos tormentos de vida podermos a Ela recorrer, indo com confiança ao trono da Graça para obter misericórdia! (Hb 4,16). São Maximiliano Maria Kolbe dizia que até se tivéssemos já um pé no inferno, se invocamos Imaculada, Ela nos obterá a salvação eterna. São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, no leito de morte, na sua agonia, sofreu assaltos do demônio. Se via agitado. O confessor o abençoou, e pensou que quisesse mudar de posição. "Não - murmurou o Santo - procuro a imagem de Nossa Senhora! A Imagem estava sobre o leito, mas entre as pregas da colcha. Logo que a viu, ele ficou sereno, olhou-a com amor e disse: Mãzinha, mais depressa!” Também São Camilo Léllis no leito de morte foi assaltado pela lembrança de culpas cometidas na sua desordenada juventude. O Santo mandou trazer um quadro da Cruz com Nossa Senhora das Dores aos pés e com ardente paixão rogou à Virgem das Dores de clamar por ele. Morreu contemplando serenamente a Mãe das misericórdias. Que nos seja permitido apresentar-nos ao juízo de Deus, contemplando a Mãe Celeste.
Votos
Perguntar-nos sempre: "Como gostaria de achar-me diante do juízo de Deus?";
Rogar a Nossa Senhora que nos prepare ao Juízo de Deus;
O Inferno
Quando
perguntaram a São Jerônimo porque se retirou para uma gruta de Belém e
viver como um eremita penitente, ele respondeu: "Me condenei a esta
prisão porque temo o inferno!" Um gigante de doutrina e santidade como
ele temia o inferno. Nós, sem doutrina e santidade, nem nos preocupamos,
nem queremos pensar no Inferno! E assim demonstramos o que somos:
pobres inconscientes! São Paulo, raptado ao 3º Céu, carregado de
méritos, temia de poder danar-se (cf I Cor 9,27). Nós, com uma
superficiliadade que amedronta, cremos evitar o inferno sem méritos nem
temores. Aliás, chegamos até a recomendar de não se falar nunca do
Inferno, porque "impressiona", não nos importando o fato que Jesus, no
Evangelho, falou do Inferno não só uma vez, mas 18 vezes! Como sempre,
covardes que somos, gostamos muito de discursos alegres e doces, de
Cristianismo fácil, efeitos de falsos aleluias e hosanas.
Fora daqui, malditos!
Esta
é a terrificante condenação dos que morrem em pecado mortal. "Estes
irão ao eterno suplício" (Mt25,46). "Irão", ou seja, só vai ao inferno
quem quiser ir! Deus nos cria a todos para o Paraíso e nos dá os meios
para lá chegar, mas nos deixa livres para aceitar ou não. O homem que
recusa, então, sabe perder o Paraíso e escolher o Inferno. Ele quer isso
livremente. Nem se pode não dar razão a Deus, porque respeita a
liberdade do homem. Mas qual loucura renunciar a Deus, perder o Paraíso,
cair naquele abismo de horrores que é a moradia dos demônios. A visão
de Deus, a união a Jesus e a Nossa Senhora, a companhia dos Anjos e dos
Santos... A perda destes bens infinitos constitui a pena de dano dos
danados, ou seja, a pena mais horrível e pavorosa que possamos conceber.
Pelo resto, se é verdade que com o pecado mortal crucificamos Jesus em
seu próprio coração (Hb ,) de qual suplício "não será digno aquele que
terá pisado o Filho de Deus"? (Hb 10,20).
No fogo eterno
No
Inferno existe também a pena do sentido, ou seja, o fogo eterno (Mt
18,7) "que põe aos danados como vítimas dos tormentos... de um fogo
ardente" (Lc 16, 23/24). A Geena é a figura mais expressiva que Jesus
usou para figurar o inferno. A Geena é um profundo vale sobre um dos
lados de Jerusalém. Nessa se jogavam toda as sujeiras da cidade e eram
queimadas em um fogo perene. O Inferno é um depósito de lixo do Céu e da
Terra: nesse se recolhem todos os anjos rebeldes e todos os homens
imundos, perversos e corrompidos, mortos em pecado mortal. Todos
queimarão com "fogo inextinguível" (Mc 9,44), odiosos a Deus pela
eternidade. Na verdade, é "coisa tremenda cair nas mãos de Deus". (Hb
10,31). Mas não se poderá talvez dizer que seja proporcional a pena
eterna para as culpas do homem? Não, porque como a recompensa está ao
mérito, assim a pena está à culpa (Santo Tomás de Aquino). Às boas ações
corresponde o Paraíso eterno; às más ações (pecados mortais)
correspondem o Inferno eterno. O rico homem que durante a vida tinha
pensado somente nos "suntuosos banquetes", nos quais pensava só em se
divertir, e o pobre Lázaro, que tinha suportado em paz as próprias
desventuras, deixando que até os cachorros lhe "lambêssem as feridas",
nos fazem compreender muito bem a diversa sorte eterna que tocará aos
homens maus e bons (Lc 16,19-31).
Muitos se perdem
Em
Fátima, a Imaculada mostrou o Inferno aos 3 pastores. E Lúcia descreveu
aquela visão como melhor podia com estas palavras: "Vimos como em um
mar de fogo, emergidos os demônios e as almas, quase como carvões
transparentes e pretos, queimados em forma humana, flutuando no incêndio
alçado de fumos e cadentes de cada lado, como faísca de grandes
incêndios. Sem peso, nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e
desespero que aterrorizavam e faziam desmaiar de medo...". "Viram -
disse Nossa Senhora - o Inferno onde vão as almas dos pobres pecadores?
Para os salvar, o Senhor quer estabelecer no mundo a devoção ao meu
Coração Imaculado". Reflitamos seriamente sobre estas palavras de Nossa
Senhora e liguemo-nos fortemente ao seu Coração Imaculado e tenhamos bem
radicados em nós o empenho de viver sempre na graça de Deus, prontos em
tudo sofrer para não cometer pecado mortal: "Não temais os que matam o
corpo, mas que não podem matar a alma. Temais, pois, aquele que pode
fazer perder a alma e o corpo na Geena." (Mt 10,28). Se os homens
pensassem seriamente nestas palavras de Jesus, quem seria condenado?
Como morre um danado?
São
Clemente Hofbauer, apóstolo de Viena, foi visitar um moribundo não
crente e foi recebido com insultos: "Vai para o diabo, frade! Vais
embora!". "Antes quero ver como morre um danado!" disse o frade. Com
estas palavras o moribundo pôs-se a pensar e ficou mudo. São Clemente
invoca Maria com ardor. Logo depois o moribundo chora e exclama: "Padre,
perdoai-me. Aproximai-vos!". Confessa-se em lágrimas e morre invocando
Maria, refúgio dos pecadores. "A misericórdia de Maria salva um grande
número de infelizes que, segundo as leis da divina Justiça, iriam ser
danados". Cofiemos n'Ela, então, com toda a confiança.
Votos
Repetir amiúde: "Minha mãe, confiança minha";
Oferecer o dia pelos pecadores moribundos;
Ler e meditar a parábola do rico Epulão e do pobre Lázaro (Lc 16, 19-31).
O Purgatório
Se
se morresse na Graça de Deus, mas se têm dívidas de expiação pelos
pecados cometidos e defeitos ainda dos quais se livrar para entrar puros
no Paraíso, se vai para o Purgatório a fim de livrar-se destas dívidas e
defeitos. Por isso existe o Purgatório. É um reino temporal além tumba.
Todos os que morrem na amizade com Deus, mas não são puros e dignos do
Paraíso, vão àquele lugar de dolorosa purificação por todo o tempo
necessário para purificar-se. Por isso se fazem as funções e se reza
pelos defuntos que se acham no Purgatório a fim de que seja apressada a
passagem deles daquele lugar de pena ao Reino do Eterno Paraíso.
É verdade
A
Sagrada Escritura nos fala, desde as primeiras páginas, do uso dos
hebreus de rezar pelos mortos. Este uso exprime necessariamente a
existência das almas defuntas em um lugar que não seja o Inferno nem o
Paraíso, porque nem os danados, nem os Bem-aventurados precisam das
nossas orações. Mais expressamente ainda a Bíblia nos fala dos
sacrifícios pelos defuntos que os hebreus celebravam no Templo. À Morte
de Aarão, foram oferecidos sacrifícios por 30 dias seguidos (DT 34,8 /
Nm 20,30). Judas Macabeus, depois das sanguinárias batalhas, recolhia
somas de dinheiro para mandar a Jerusalém para oferecer sacrifícios
pelas almas dos soldados caídos na guerra. "É coisa salutar rezar pelos
mortos a fim de que lhes sejam perdoados os pecados" (Mac 12,46). Também
o profeta Malaquias nos fala do Senhor que purifica com o fogo a amados
filhos de Levi (Ml 3,3). No Novo Testamento, Jesus refere-se mais vezes
ao Purgatório. A mais clara referência é sobre a necessidade de fechar
cada conta com o nosso inimigo antes de cair nas mãos do Juiz que nos
porá em uma prisão de onde não sairemos antes de ter saldado a dívida
"até o último centavo". (Mt 5, 25-26). Esta prisão não pode, é claro,
ser o Inferno, de onde não se sai nunca, mas o Purgatório, como o
interpretam os Santos Padres. São Paulo continua o ensinamento de Jesus
dizendo que quem faz obras imperfeitas se salvará, mas passando pelo
fogo. Depois de São Paulo, podemos citar os grandes Padres e Doutores da
Igreja: Santo Agostinho, São João Crisóstomo, Santo Efrém, São
Cipriano, Santo Tomás de Aquino... O magistério da Igreja apresentou a
verdade do Purgatório como dogma de fé!
Se sofre terrivelmente
No
Purgatório se sofre as penas da purificação segundo a necessidade de
cada um. Tem quem tem mais dívidas e defeitos que outros. A intensidade e
duração são sob medida. Mas a qualidade do sofrimento é terrível. Pena
de sentido e pena de dano constituem um sofrimento tal que na Terra não
se pode pensar igual. Santo Tomás ensina: "A menor pena do Purgatório
supera as maiores penas da Terra, pois o mesmo fogo que atormenta os
danados do Inferno, atormenta os justos do Purgatório". Lá entenderemos
qual coisa tremenda é a ofensa a Deus e qual reparação exige a Sua
Justiça. Por isso os santos estavam tão atentos em descontar na Terra
com a mínima falta, até nas palavras ociosas (Mt 12,36). Santa Mônica,
no leito de morte, disse àqueles que circundavam seu leito: "Rogai por
mim. Não tomais conta do meu corpo, somente da minha alma!"
Não lágrimas, mas Santas Missas
Os
defuntos não precisam das nossas lágrimas, mas das nossas Santas
Missas. Nem precisam de coroas de flores e procissões para o funeral.
Quanta bobagem em certos cristãos! Preocupam-se e gastam sem economia
para a solenidade externa do funeral e não se curam ou não querem gastar
dinheiro para mandar celebrar uma Santa Missa! Se pudéssemos ver os
sofrimentos das almas purgantes, com qual cuidado as ajudaríamos,
fazendo antes de mais nada, celebrar as Santas Missas, fazendo a
Comunhão, recitando Rosários, praticando penitências.
Uma
noite, São Nicolau de Tolentino viu a alma de um frade defunto, frade
Pelegrino de Ósimo que lhe pediu para celebrar logo uma Santa Missa por
ele e pelas almas purgantes. Mas o Santo respondeu que não podia porque
tinha que celebrar a Santa Missa do turno. Então o defunto conduziu-o ao
Purgatório. À vista das penas terríveis que sofrem aquelas almas, São
Nicolau se assustou e foi logo ao Superior e o rogou de fazer-lhe
celebrar Santas Missas pelo frade Pelegrino e pelas almas. Obtida a
licença, a celebração das Santas Missas foi a função mais poderosa e
salutar para aquelas queridas almas. Também ao Pe. Pio pediu um frade
uma lembrança ao Pai defunto, durante a Missa. Pe. Pio quis aplicar a
Santa Missa pela alma do pai daquele irmão e lhe disse: "Esta manhã teu
pai entrou no Paraíso"! O irmão ficou admirado e feliz, mas não pôde
deixar de exclamar: "Mas meu pai morreu há 30 anos!" "É, meu filho, na
frente de Deus tudo se paga!" Respondeu em tom grave Pe. Pio.
Maria livra do Purgatório
São
Bernardino chamou Nossa Senhora 'Plenipotenciária' do Purgatório, pois
em suas mãos há poderes e graças para livrar quem quiser do Purgatório.
Ser devoto de Maria e a Ela recorrer para obter o alívio e a libertação
das almas purgantes: é isto o que devemos fazer com todo o coração se
quisermos oferecer eficazes orações e Santas Missas. Maria mesma revelou
ao Beato Alano: "Eu sou a Mãe das almas do Purgatório e a cada hora,
pelas minhas orações, são aliviadas as penas dos meus devotos." O Santo
Rosário é de especial eficácia. Santo Afonso Maria de Ligório ensina que
"se queremos ajudar as almas do purgatório recitamos por elas o Rosário
que lhes arrecada grande alívio." Um santo consolou muitas almas
purgantes com o Santo Rosário. São Pompílio Pirrotti teve o dom de
recitar o Rosário com as almas do Purgatório, que respondiam em voz alta
as Ave-Marias, mostrando-se serenas e felizes durante a oração. Que
também nas nossas mãos o Rosário seja uma coroa de caridade pelas
queridas almas do Purgatório.
Votos
- Oferecer o dia inteiro pelas almas do Purgatório;
- Santa Missa e comunhão pelas almas sofredoras;
- Um Rosário pelas almas purgantes mais pecadoras.
O PARAÍSO
“Aquilo
que o olho nunca viu, nem ouvido escutou, nem nunca coração do homem
pôde saborear, isto Deus preparou aos que O amam”. (I Cor 2,9). O
Paraíso é um realidade inimaginável; é a plenitude de todos os bens
desejáveis; é o êxtase eterno na visão beatífica de Deus. Santa Catarina
de Siena conta de ter sido uma vez raptada à glória dos Céus. Quando,
acabado o êxtase, tentou falar; não conseguiu fazer mais nada além de
chorar. A quem se maravilhava, a Santa dizia: "Não vos admireis por
isso; admirai-vos que ainda estou sobre a Terra depois de ter gozado de
tamanhas delícias." Igualmente, São Roberto Belarmino, pensando na
felicidade suprema do Paraíso, quando um dia admirava um quadro que
retratava os jesuítas, exclamou: "Quero ir ter logo com ele! Embora
desta vida! Desejo voar lá com estes."
Vinde,
benditos! "Acreditem - dizia São Felipe Néri - o Paraíso não foi feito
para os preguiçosos!" Para o Paraíso vão os heróis do amor a Deus e aos
irmãos. "O Reino dos Céus exige violência e só os violentos o
conquistam" (Mt 11,12). Só o cristão que é um herói de bondade, de fé,
de humildade, de pureza, de obediência, de paciência, de mortificação,
pode esperar de sentir-se dizer ao fim do exílio terreno: "Vem, servo
bom e fiel: entra na alegria do Teu Senhor." (Mt 25,21). Nos "Atos dos
Mártires" está descrito o martírio de São Timóteo. O Santo Mártir, cheio
de chagas e torturado na cal viva, ouviu os Anjos que o confortavam:
"levanta a cabeça e pensa no Céu que te espera!" Infelizmente para nós é
tão fácil nos deixar atrair e dominar pelos bens terrenos...
Deixamo-nos seduzir pelas criaturas e pelos prazeres carnais. Por isso
devemos lembrar com maior insistência a chamada de São Paulo: "Procurai
as coisas lá de cima! Provai as coisas do alto! Não aquelas da terra."
(Cl 3,1). Se fizermos como nos diz São Paulo, experimentaremos também a
verdade desta frase de Santo Inácio: "Oh, quanto me parece pequena e
insignificante a Terra quando contemplo o Céu!" E nos preocuparemos de
convencer também outros irmãos a elevar o olhar das criaturas para
elevá-lo ao Criador. Seria uma loucura imperdoável perder os bens
Celestes e eternos pelos pobres prazeres terrenos e momentâneos. Este
mundo para nós é só uma Terra de exílio, de onde devemos conseguir
chegar à nossa verdadeira pátria. Basta refletir um pouco sobre esta
verdade para compreender melhor uma outra triste realidade desta Terra: o
aborto. Com este enorme crime não somente é tirada a vida a uma
criança, mas lhe é negada a entrada do Paraíso. Aquela criança irá ao
limbo eterno, como nos ensina a Igreja, porque privada do Batismo, sem o
qual não se pode entrar no Paraíso: "Quem for batizado, será salvo" (Mc
16,16). "Quem não renasce da água e do Espírito Santo, não pode entrar
no Reino dos Céus" (Jo 3,5).
Ao céu... ao céu com ela
A
canção popular "Irei vê-la um dia" nos leva a desejar o Paraíso para
ver Maria e ficar para sempre com Ela! Santa Bernadete confidenciou que
Maria é tão linda que fazia desejar a morte para revê-la. São
Maximiliano recebeu os votos de uma rápida morte para logo ir ter com a
Imaculada no Céu. E o Santo respondeu agradecendo sentidamente. São
Leonardo de Porto Maurício, Apóstolo ardente, chegava a pregar pedindo
aos fiéis orações para poder logo morrer e ir ter com a Imaculada. Ele
dizia: "Eu desejo morrer para viver com Maria. Recitem 1 Ave-Maria para
que eu obtenha a graça de morrer agora e ir ver Maria!" Quando se ama
verdadeiramente Maria, o pensamento e a aspiração do Paraíso não dão
trégua, porque é lá que Nossa Senhora nos espera propriamente como uma
Mãe que espera a chegada dos filhos para tê-los ao redor, na alegria
eterna.
Paraíso e Penitência
Não
se chega ao Paraíso senão pela 'porta estreita' (Mt 7,14), ou seja,
através da penitência. Quando se pedia a São Maximilano de moderar um
pouco seu heróico e cansativo apostolado pela Imaculada, ele respondia:
"Não é necessário descansar. Descansarei no Céu!" Igualmente quando se
exortava São José Calasanz a renunciar a alguma das suas penitências,
ele respondia: "Oh, Paraíso! Que força e coragem comunicas a quem em ti
quer entrar!" Quando pediam para aliviar-se um pouco, respondia: "Se
pode ir ao Paraíso até sem os passeios. O nosso descanso será o
Paraíso". Descobriram que usava no corpo um cilício e pergutaram se lhe
doía: "é lógico que dói um pouco, mas para ir ao Paraíso, precisa fazer
Penitência".
Precisamos de Nossa Senhora
Uma
coisa, porém, nos deve consolar: se é verdade que no Paraíso não se vai
sem penitência, é verdade também que para ir através de um caminho mais
seguro e mais fácil, tende ir com Maria. Veja um episódio: Um Bispo foi
ao Pe. Pio e lhe levou um amigo que não era um santinho.
Apresentou-lhe, dizendo: "Padre, este amigo gostaria de assegurar-se com
um bilhete de ingresso ao Céu. A coisa não é fácil. O que aconselharia,
Padre?" Abaixou e abanou a cabeça, e respondeu docemente: "É...
precisamos de Nossa Senhora!" Também a São Bernardo aconteceu uma vez
que foi se confessar um grande pecador, já presa do desespero porque
estava devastado por terríveis pecados. O santo lhe falou da divina
misericórdia e lhe abriu o Evangelho que refere a Anunciação, no
versículo 30: "Não temas, Maria, porque achaste Graça diante de Deus".
(Lc 1) e comentou que Maria achou graça para nós, pecadores. Aquele
pobre pecador se reanimou, e logo apos a Confissão foi junto ao altar de
Maria e lá achou a perfeita paz. Se amarmos muito Maria, Ela nos doará
de dia em dia as graças necessárias para viver de modo digno do cristão,
preparando-nos ao Paraíso na separação progressiva desta Terra, até
fazer-nos exclamar com São José Cotolengo: "Feia terra, Belo Paraíso!" É
necessário, porém, que amemos Maria, empenhando-nos em fazer bem os
nossos deveres de cada dia. Santa Bernadete teve pela Imaculada a
certeza do Paraíso, e mesmo assim comportava-se com a máxima perfeição,
porque não queria ir ao Céu sem ter sido bem comportada. Lembraram-na,
uma vez, da garantia de Nossa Senhora, mas ela respondeu: "Sim, mas sob a
condição de que eu faça o necessário pra merecer!" Esforcemo-nos de
viver com os olhos sempre fixos no Paraíso, com as mãos em ação para
fazer sempre todos os nossos deveres, com o coração cheio de amor e
confiança na nossa doce Mãe que nos quer a todos no Paraíso.
Votos
- Fazer alguns sacrifícios pelo Paraíso;
- Recitar os mistérios gloriosos do Rosário;
- Fazer esmola a um pobre.
9° DIA
A VIDA NA GRAÇA
Nossa
Senhora foi chamada pelo Anjo Gabriel “plena de graça” (Lc 1,28). E nós
sabemos que “plena de graça” quer dizer plena de Deus.
Também
dizemos de nós mesmos: estou em graça de Deus ou estou sem a graça de
Deus. Ou seja: tenho Deus na alma ou tenho Satanás: “Quem não está
comigo, está contra mim” (Mt 12,30).
O que é a graça, então?
É
a vida divina da alma. Quando uma alma está em graça de Deus “participa
da natureza divina” (2 Pd 1,4). Não se torna Deus, mas é unida, é
cheia, é imensa em Deus: como uma esponja imersa na água e fica cheia de
água.
Já
estes poucos pensamentos podem chegar a nos fazer entender a
preciosidade sem fim que possui a alma do cristão em graças de Deus.
Tinha
certamente razão o Papa São Leão Magno de exclamar: “Reconhece, ó
cristão, a tua dignidade; e, participando da natureza divina, livre-te
de destruir, com atos indignos, a tua grandeza”
A alma... e o cão
Um
dia o Santo Cura d’Ars passava, como sempre, entre duas filas de gente,
para ir à Igreja. Improvisadamente, parou perto de um caçador que tinha
a espingarda pendurada no pescoço, e ao lado o seu lindo cão de caça.
O santo se inclinou a acariciar o cão, dizendo: “Que magnífico cão!”.
Depois fixou por alguns instantes o caçador dizendo: “Senhor, seria desejável que a sua alma fosse bela como o seu cão!”.
Mas como se perde a graça de Deus?
Se
perde com o pecado mortal. A alma na graça de Deus é semelhante a uma
lâmpada elétrica acesa. Com o pecado mortal a alma se torna semelhante a
uma lâmpada queimada. Não dá mais luz, não serve para mais nada.
Mas
a graça de Deus se pode recuperar, enquanto se é vivo, com o
arrependimento e com a Confissão sacramental. E é nosso interesse não
demorar a recuperá-la; porque cada momento vivido em pecado mortal é um
momento de ser “filhos das trevas” (1 Ts 5,5) ao invés de ser “filhos da
luz” (Ef 5,8)
Compreendem
tudo isso os cristãos? Ou talvez muitos nem se preocupam quase nada de
encontrar-se em desgraça de Deus, e continuam a viver entre um pecado
mortal e outro?
Humanidade sem graça
Infelizmente,
nos basta somente dar um olhar sobre a humanidade, para saber se a
maior parte vive na graça de Deus, devemos realisticamente admitir que o
“rei das trevas” (Lc 22,53), o príncipe deste mundo (Jo 12,31) acaba
com a vida de graça dos homens.
Hoje o pecado mortal não é somente um fato singular, mas é um fenômeno de massa, de costume dos povos.
Hoje
é costume, em escala mundial, ler imprensa pornográfica, ver filmes
bestiais, frequentar praias e lugares escandalosos, seguir as modas
indecentes, usar a pílula e os métodos anticoncepcionais, ter ralações
extraconjugais, e pré-matrimoniais, divorciar, abortar, renegar a fé,
professar o ateísmo, falar blasfêmias..., sem falar das subversões,
violências e furtos sempre mais colossais.
Pobre
mundo! Talvez nunca com tanta evidência se tenha achado “tão sob o
maligno” (1 Jo 5,19). E “Jesus Cristo sacrificou a si mesmo pelos nossos
pecados, para nos arrancar deste mundo perverso...” (Gl 1,2).
A Mãe da Graça
Nós
cristãos devemos ficar santamente orgulhosos de ser filhos de Deus e de
Maria, irmãos de Jesus Cristo, templos do Espírito Santo, herdeiros do
Paraíso. É verdade que Jesus veio para que os homens “tenham a vida e a
tenham em abundância” (Jo 10, 10).
E
todas estas divinas riquezas nos são dadas com o Santo Batismo (que por
isso, é bom administrar o mais cedo possível ao recém nascido).
Santo
Inácio Mártir, se chamava a si mesmo, com orgulho Teóforo, ou seja,
portador de Deus. E todos os Santos “glorificaram e levaram Deus no
próprio corpo” (1 Cor 6,20) cultivando a vida da graça com imenso
cuidado.
Mas quem é a Mãe da Divina Graça?
O
sabemos: é Nossa Senhora. É Ela que nos gera à vida divina. São Leão
afirma que cada fonte batismal é o seio virginal de Maria! Dela vem até
nós a graça da regeneração, que é indispensável a quem pecou mortamente e
que transformou tantos pecadores em Santos.
Lembremos,
por exemplo, São João de Deus, jovem solteiro, que passava de um
trabalho a outro, sem nunca tomar juízo. Nossa Senhora o livrou
milagrosamente de um grave perigo, aparecendo-lhe e chamando-o a
conversão: “um dia tu me amavas – lhe disse – torna a me amar e a me ter
devoção. Converte-te a Deus”. O jovem fez isso seriamente e se
santificou. Vamos nós também fazer isso seriamente? Para fazê-lo
seriamente, rompamos energicamente com os nossos pecados. Como é
possível que nos deixemos seduzir por um mundo em que tudo é
concupiscência? (1 Jo 2, 15-17).
A
experiência de todos os convertidos confirma plenamente esta triste
realidade do mundo sem a graça, todo engano e pecado. Sobretudo, os
grandes convertidos nos asseguram que a vida não tem sentido, se não é
vivida para Deus e para a eternidade.
Lembremos
a experiência de uma grande artista, Maria Fenoglio (cujo nome
artístico era Eva Lavalliere), que decidiu se suicidar justamente quando
tinha chegado ao ápice da glória e da fama mundana.
Foi
salva a tempo, por misericórdia de Deus, e foi iluminada pela graça.
Então, compreendeu, finalmente, quais são os verdadeiros valores da
vida. Renegou a sua vida mundana, abandonou o teatro, e iniciou uma vida
de sacrifício sempre mais rica de graças e de virtudes. Escrevia no seu
diário: “O meu ideal?” ... Jesus. A minha ocupação preferida? ... A
oração. O meu esporte preferido?... estar ajoelhada. O meu perfume mais
caro?... o incenso. A minha jóia mais preciosa? ... O Rosário.
Votos
- Fazer um ato de grande arrependimento por todas as vezes que perdemos a graça de Deus;
- Repetir amiúde a invocação: “Mãe da Divina graça, rogai por nós”;
- Empenhar-se em evitar toda ocasião perigosa que possa fazer-lhe perder a Graça de Deus.
O PECADO
O que é o pecado? É uma ofensa a Deus.
Se
desobedece aos santos desejos de Deus, e se obedece às vontades da
Carne, do demônio, do mundo. O pecado nos faz calcar os Mandamentos de
Deus e nos faz amar as vontades dos nossos instintos e das nossas
paixões.
O pecado traz desordem, desequilíbrio, ruína, no homem e nas coisas, embora o pecador se iluda em achar que o pecado é um bem.
Basta
pensar no primeiro pecado, aquele de Adão e Eva. Atrás da sedução de se
tornar “como Deus” o pecado trouxe a ruína a toda a humanidade e a toda
a criação (Gn 3).
Por que o dilúvio na terra? Por causa do pecado (Gn 6 e 7).
Por que Sodoma e Gomorra foram incineradas? Pelo pecado (Gn 1, 1-29).
Por que Tiro, Sidon, Corozain, Carfanaum e Jerusalém foram destruídas? Pelo pecado.
Por que as guerras e as devastações entre os povos?
Por que tantas famílias “são” um inferno?
Por que tem tantos homens que vão para o inferno? Pelo pecado.
Tinham razão alguns Santos em tremer só de ouvir pronunciar a palavra pecado.
O pecado mortal
O pecado é mortal, se a ofensa a Deus é grave; é venial, se a ofensa a Deus é leve.
A
maior desgraça que pode acontecer aos homens é aquela de cometer um
pecado mortal. São Pio de Pietrelcina usava exclamar “desgraçado”, a
quem se acusava de uma culpa mortal. Nenhuma desgraça é comparável ao
pecado mortal. Antes, seria preferível qualquer outra desgraça.
Escreveu
São Cipriano: “observa os danos que causa a saraiva às sementeiras, a
pestilência aos armentos e aos homens, o vento aos navios... Eles não
são mais que uma lânguida figura dos danos que o pecado traz à nossa
alma: ele destrói todos os frutos das boas obras, corrompe todas as
nossas faculdades e guia o homem à morte certa”.
Por isso, fazia muito bem o pequeno e corajoso São Domingos Sávio, a sustentar a sua linda máxima: “A morte, mas não o pecado”.
A
morte, de fato, é só uma coisa física que reduz o corpo do homem em
cadáver. O pecado, ao contrário, é um fato espiritual que reduz a alma
do homem a um cadáver, enquanto este não recuperar a graça do Sacramento
da Confissão. Um cristão com a alma de cadáver: eis a monstruosidade do
pecado mortal.
É assustador...
Para
melhor compreender a monstruosidade do pecado mortal, é necessário
olhar o calvário. O pecado do mundo fez de Jesus “o homem das dores” (Is
53,3), custou a morte de Jesus (1 Pd 1,19; Ap 5,9), “transpassou a
alma” de Nossa Senhora (Lc 2,35). E quem comete novamente pecado mortal
“crucifica de novo o filho de Deus no próprio coração” (Hb 6,6).
Por
isso, o pecado mortal faz perder a alma, a vida sobrenatural, ou seja, a
graça divina, lhe faz perder os méritos e as virtudes infusas,
deixando-lhe só a fé e a esperança; enfim, lhe rouba a semelhança com
Jesus lhe imprime a imagem do demônio. É horrível! Tinha razão Santa
Tereza de Ávila em dizer lhe que a visão de uma alma em pecado mortal a
assustou ao ponto de suplicar a Deus e de intorrompê-la.
Mas
quantos são os cristãos em pecado mortal, que se dão conta de possuir
uma alma cadáver e de se parecer com o demônio? E como podem crer de
amar a Deus, de amar Maria, se com o pecado se demonstram “odiadores de
Deus” (Rm 1,30) e “transpassam a alma” de Nossa Senhora? (Lc 2,35).
O pecado venial
Não
se pode deixar-se enganar. O pecado venial ofende a Deus e arruína o
homem, embora não provoque os efeitos desastrosos do pecado mortal.
São Tomás de Aquino nos avisa: “preferível, acima de tudo, antes morrer que cometer um só pecado venial ”.
Os
santos advertem a brutalidade do pecado venial segundo a medida do amor
ardente de Deus. Por isso, dizia São João Crisóstomo, estamos prontos a
temer mais uma ofensa leve a Deus, que o próprio inferno.
De
fato, Santa Catarina de Sena dizia de si: “queria estar antes no
inferno sem pecado, que achar-me no céu manchada de coisa levíssima que
magoe o Senhor”... Como faremos nós se nos manchamos todos os dias de
culpas veniais com tanta superficialidade? Sabemos tomar cuidado para
evitar qualquer mal estar físico (até um resfriado) e, no entanto não
nos curamos das doenças espirituais (impaciências, mentiras,
negligências) que ofende a Deus e deformam a alma.
Um
dia, Santa Francisca de Chantal quis colocar com as suas mãos o cadáver
de um leproso no caixão. Alguém tentou impedí-la, com medo do contágio
da lepra. Mas a santa disse com decisão: “não temo outra lepra que o
pecado!” Aprendamos.
A pequena Jacinta
A
menor dos três pastorzinhos de Fátima, Jacinta, foi a mais ardente
vítima pelos pecadores. Ficou sendo para ela uma paixão: salvar os
pecadores do inferno, oferecendo sacrifício de toda espécie. E andava
atenta a sacrificar-se com empenho sempre novo.
Encontrava
pelas ruas os pobres e lhes dava a sua merenda, ficando de jejum até a
noite; tinha uma sede ardente no mês de Agosto, e renunciava em beber a
todos os custos; o irmão Francisco recolhia bolotas mais doces de uma
árvore e lhe pedia as mais amargas para oferecer um sacrifício; tinha
dor de cabeça e o barulho das rãs a incomodava, mais ela impedia ao
irmão de afugentá-las, para oferecer mais um sacrifício. Devemos
aprender desta menina a escutar os pedidos de Nossa Senhora sobre a
necessidade de salvar os pecadores do inferno, colaborando na conversão
deles, com a oração e a penitência.
Votos:
- Beijar o chão pela conversão dos pecadores
- Repetir com frequência a máxima de São Domingos: “antes morrer que pecar”
- Todas as noites dizer um ato de dor pelo perdão dos pecados.
O Grande Amigo Inimigo
O
Demônio é o grande inimigo do homem."É o inimigo número um", dizia Papa
Paulo VI. Satanás parece nos inícios do gênero humano, apresenta-se
desde o início um homicida, mentiroso e pai da mentira "Consegue fazer
cair os nossos antepassados Adão e Eva e se torna o príncipe deste mundo
(2 Cor 4,4), acusador dos nossos irmãos (Ap 12,10). Com o pecado
original, todo o mundo jaz sob o malígno (I Jo 5,19) e os demônios são
dominadores deste mundo tenebroso (Ef 6,12). Como aparecem tenebrosos os
primeiros acontecimentos à Humanidade Nova por causa deste infernal
assassino que possui o império das trevas (Lc 22,53). Pe. Pio escreveu
em uma carta ao seu Diretor espiritual contando que ele viu a figura
monstruosa de Satanás em seus sonhos. Era um ser horrível e gigante,
alto como uma negra montanha. S. Pedro nô-lo apresenta como a imagem de
um leão que ruge sempre pronto a devorar-nos (I Pd 5, 8-9). Como o
tortura a inveja, porque nós podemos nos salvar. Ele nos quer todos no
Inferno.
A aurora que surge
Uma
cena estupenda nos aparece no início da humanidade dominada por Satanás
e oprimida pelo pecado. Uma mulher sublime, com o seu Filho, “amassa a
cabeça da serpente” (Gn 3,15). A Imaculada, vencedora de Satanás,
brilhante nas trevas do pecado, com o seu Divino Filho, é a desafeta de
Santanás. Em Gênesis, Deus apresenta a Imaculada semelhante a aurora que
se eleva maravilhosa sobre a noite da humanidade pecadora. Em Cântico
dos cânticos, o autor inspirado exclama: "Quem é aquela que avança como
aurora, bela como a lua, eleita como o sol, tremenda como exército
formado?" (6,9). É a Imaculada, Guerreira invencível, Senhora das
vitórias, Terror dos demônios. Santa Bernadette nos narra em Lourdes que
viu ao lado da gruta uma turma de demônios que berravam gritos
infernais. Assustada, a santa olhou a Imaculada; bastou um olhar severo
de Maria para eles e fugiram. Assim o demônio, em frente à Imaculada,
demonstra o que significa seu nome (Belzebu): deus das moscas.
Tentadores em luvas amarelas
A
tática do diabo é alegrar os sentidos e a imaginação do homem para
perder o seu espírito. Se apresenta como um conselheiro e um servidor em
luvas amarelas, com ofertas de bens e prazeres sedutores a ganhar. Fez
isso com Eva (Gn 3, 1-7) com Jesus (Mt 4, 1-11) e com os santos de todos
os tempos: S. Bento, S. Francisco de Assis, S. Teresa D'Ávila, S. Cura
d'Ars, S. João Dom Bosco, S. Pe Pio... Hábil e na defensiva, o demônio
sabe servir-se de tudo para nos arruinar: a imodéstia de Davi (2 Sm 11,
2-26), a gula de Esaú ( Gn 25, 29-34) o apego às riquezas de Ananias e
Safira (At 5, 1-10). Ele tenta até propor coisas aparentemente úteis
para as almas. Sabe-se que Cura d'Ars pregava de maneira simples,
fecunda de graças para as almas. Cheio de premuras, o diabo foi a ele
exortando-o a pregar de modo difícil, assegurando-lhe a fama de grande
pregador. O santo adviu o engano, recusou-se e continuou com seus
sermões simples e eficazes. Pagou com muitos despeitos furiosos que o
demônio lhe fez dia e noite.
Quatro estúpidos
Satanás
tem uma obra-prima: convencer os homens que ele não existe.
Conquistando isso, trata os homens como bonecos. Pe. Pio escutou um
sermão onde o orador nada fazia mais que perguntar-se sobre a existência
do diabo. No final o orador concluiu que ele existe. Passado o sermão,
Pe. Pio advertiou-o dizendo-lhe que ao se falar do demônio, deve ser
preciso em afirmar sua existência e sua ação nefasta no mundo. Ao final,
acrescenta-se a existência dos "Quatro estúpidos" que ousam negar a
existência do diabo. Hoje são mais que quatro, e há até na Igreja,
infelizmente. Tanto é verdade que Paulo VI teve que intervir
expressamente em um discurso (15/11/1972) para confirmar a verdade da fé
sobre a existência de Santanás como pessoa e constatou amargamente como
a "fumaça do diabo" está fumegando na Igreja. A uma de suas filhas
espirituais, Pe Pio disse:"Se se pudesse ver a olhos nus quantos
demônios invadiram a Terra, não mais veríamos o Sol".Contra estes
apóstatas, qual não deve ser nossa defesa?
Vigiai e rezai
Jesus
nos preveniu contra as insídias do diabo. Ele nos ensinou no Pai-Nosso
:"Não nos deixeis cair em tentação" (Mc 14,38). A guarda e a oração são
as duas maiores forças do homem contra o demônio. Façamos nossa a
recomendação de Pe. Pio: "Filho, o inimigo não dorme! Esteja alerta com a
guarda e a oração. Com a 1ª avistaremos; com a 2ª teremos arma para nos
defender". A guarda nos faz avistar as ocasiões perigosas (uma leitura,
um espetáculo, uma pessoa, um lugar, uma vontade...). A oração nos dá
força de evitar os perigos, de fugir às ocasiões como recomendava S.
Felipe Néri. S. Agostinho ensina que o demônio é só um cão amarrado, e
só pode morder quem dele se aproxima. Ao largo, então! Se o demônio se
faz insolente, escutemos a palavra de S. João Bosco que dizia aos seus
jovens: "Quebrai os cornos do demônio com a Confissão e a Comunhão".
Amassa-lhe a cabeça
S.
Maximiliano escreveu que "a serpente levanta a cabeça em todo o mundo,
mas a Imaculada lhe pisa em vitórias grandiosas". Para abater o demônio
de modo mais humilhante, precisamos recorrer à Imaculada. O demônio tem
pavor d'Ela que sozinha é terrível como um exército formado (Ct 6,9).
Quando S. Verônica Giuliani era atacada fisicamente pelo demônio, ao
conseguir invocar Nsa. Sra., o demônio fugia precipitadamente, gritando:
"Não invoque minha inimiga!" A oração Mariana mais forte contra o
demônio é o Rosário. Uma vez lhe perguntaram durante um exorcismo, qual
oração ele mais temia. Respondeu: "O Rosário é o meu flagelo". Se os
cristãos levassem consigo e usassem amiúde este flagelo dos demônios,
quantas ruínas, desventuras e pecados a menos sobre a Terra...
Votos
- Levar consigo o Rosário e recitá-lo na tentação;
- Oferecer hoje uma mortificação contra a gula;
- Ler e meditar a página do Evangelho sobre as tentações de Jesus no deserto. (Mt 4,1-11)
12° DIA
O ódio
S.
Inácio de Loyola recebeu um bilhete com tal mensagem: "Eu vos odeio
tanto que gostaria de vos queimar!" Prontamente respondeu: "Eu também
gostaria de vos queimar, só que do Amor Divino". Eis o ódio e o amor. Se
opõe diretamente. O ódio é contrário ao amor. Odiar é querer mal. Quem
odeia uma pessoa quer-lhe mal. Pode-se odiar a Deus e ao próximo.
Existem dois tipos de ódio: Inimizade e Repelimento: Inimizade é quando
se odeia um inimigo ou quem nos faz mal ou pode fazer mal. Repelimento é
quando se odeia o mal (a desonestidade, crueldade) que se vê em uma
pessoa. Este ódio é um ato bom.
O ódio assassino
O
ódio da inimizade, na sua raiz, é homicida. Realmente é verdade. Muitos
cristãos têm horror só em ouvir o 5º mandamento: não matar! O confessor
que lhes perguntasse se mataram alguém, ouviria responder-se um não
brusco e repetido. Mas quase todos os cristãos pensam que se possa matar
um homem apenas enfiando um punhal nas costas ou atirando-lhe uma bala
no coração. Não pensam que o 1º é aquele que se comete no coração com
ódio, pois ele tende à destruição do outro, podendo chegar à violência
externa. Jesus disse expressamente em Mateus 15,19: "É do coração que
vem os homicídios". O ódio por uma pessoa é um homicídio, assim como um
desejo imundo de um cônjuge já consiste em um adultério consumado no
coração (cf. Mt 5,28). O que dizer dos homicídios legalizados com lei do
aborto? As crianças menores e indefesas são atingidas de traição no
seio materno, sem Batismo, privados do Paraíso, destinados ao Limbo
eterno. Que corrente de desgraças opera a mão homicida. Nem o menor ódio
contra a vida e contra Deus (cf. Mc 12,27) há no coração de quem
recorre aos anticoncepcionais que cometem os homícidios antecipados.
Quem pode medir todo ódio assassino espalhado e operante no mundo com os
abortos e anticoncepcionais? Se Raquel chorava sobre o seu povo pelos
filhos que não mais o eram (cf. Gn 31,15) qual não será a dor de Maria
de frente ao ódio homicida que reina em toda a Terra?
Amar somente
Se
o amor é a perfeição do homem, o ódio é a perversão! Portanto os
cristãos não podem odiar nenhum homem, porque "quem diz amar a Deus e
odiar seu irmão é mentiroso!" (I Jo 4,20) E quando "estás apresentando a
Deus a tua oferta ao Altar e lá te lembrares que um irmão tem alguma
coisa contra ti, deixa lá tua oferta e vai reconciliar-te com teu irmão
pra depois apresentá-la ao Senhor" (Mt 5,23-24). Os cristãos não podem
nem odiar seus inimigos. Devem amá-los, sofrendo: "Amais os vossos
inimigos e fazei o bem àqueles que vos maldizem; rezai pelos vossos
caluniadores e àquele que te bater a face, oferece a outra!". (Lc
6,27-29). Inútil dizer que este amor aos inimigos é a coisa maior, como
dizia S. Agostinho, um heroísmo sem par. Certamente ele não corresponde
às nossas tendências naturais. Os antigos diziam: olho por olho, dente
por dente (cf. Ex 21,24). Era a lei do talião, férrea e inexorável. Mas
Jesus interveio e limpou tudo. "Vós sabeis o que foi dito: amarás o teu
próximo e odiarás teu inimigo. Mas Eu vou digo: Amas teu próximo e teu
inimigo!" (Mt 5, 43-48).
O perdão Cristão
Infelizmente
nós somos fáceis em recitar com os lábios o Pai-Nosso: "perdoai as
nossas dívidas assim como nós perdoamos os nossos devedores" (Mt ,12).
Mas com o coração não perdoamos muitas vezes. Não falamos mais, não
queremos mais relações com aquela pessoa... Coisas frequentes entre nós,
cristãos. S. José Cafasso queria convencer um encarcerado a depor todo
ódio contra os inimigos. Convenceu-o a rezar o Pai-Nosso pelo ofensor.
Quando chegou no momento de pedir e dar perdão (que a oração fala), o
Santo interrompia e lhe perguntava se as tinha dito verdadeiramente. Se a
resposta era afirmativa, alegrava-se com o encarcerado pela
generosidade de perdoar. Sendo negativa, o Santo afirmava que precisava
muita coragem para pedir a Deus de ser duro com ele como ele agia com os
outros. Assim nos serve! Inútil apelar, pois seremos perdoados à medida
que perdoarmos (cf. Lc 6,37-38). Depende somente de nós para obtermos
de Deus perdão total.
Pretextos e desculpas
Parece
incrível o fato de acharmos desculpas para não perdoar, embora sabendo
que Deus está sempre pronto a nos estender seu perdão e que Maria nos
ama constantemente, apesar de nossa maldade inesgotável. Um bom
pregador, S. Jerônimo, recolheu as desculpas vãs que mais facilmente se
acham em não perdoar. Ei-las:
- Eu não consigo vencer a repugnância que provo ao perdoar tal pessoa.
- Mentira! Deus não nos pede impossíveis!
- Mas me fez tanto mal... Não podemos perdoar só aos que nos fazem bem?
Arruinou-me, tentou destruir a minha fortuna...
- Que seja. Mas credes que alimentando no coração tanto ódio, ganhareis
alguma coisa? Para vos consolar dos males recebidos, juntais outro
gravíssimo, já que Jesus claramente disse que quem não perdoa não será
perdoado.
- Mas o que dirá a gente?
- Dirá que sois cristão!
- Mas e a minha honra?
- A honra maior para um cristão é de comportar-se como filho de Deus, infinitamente misericordioso.
- Mas aquela pessoa não merece meu perdão.
- Pode ser. Mas o vosso perdão o mereceu Jesus Cristo!
- Sim, mas ele aproveitará do meu perdão pra ficar pior.
- Que seja! Vós ficarás melhor!
Bem por mal
Não
só precisamos perdoar, mas precisamos pagar o mal com o bem. "Não te
deixes vencer pelo mal, mas vences o mal com o bem" (Rm 12,21) Assim faz
Deus, que continua a doar a vida a quem O ofende. Assim faz Maria que
continua a amar quem A faz chorar. Os santos nos deixaram exemplos
admiráveis de vitória do amor sobre o ódio. Quando o assassino de Maria
Goretti se apresentou à mãe da Santa para lhe pedir perdão, ouviu-a
responder: "Como não lhe perdoaria se minha Marieta já o fez?" A heróica
Virgem e mártir, antes de morrer, perdoou de coração seu assassino, e
aparecendo-lhe depois da morte, disse-lhe que o queria consigo no
Paraíso. Esta é a "vingança" dos santos. S. Joana Francisca de Chantal
perdeu o esposo durante uma caçada. Sofreu terrivelmente, mas perdoou de
tal modo que quis ser madrinha do filho do assassino. Que lição para
nós que somos capazes de não olharmos mais no rosto de quem nos ofendeu
com uma bobagem apenas. S. Maximiliano Maria Kolbe, o louco da
Imaculada, no campo do ódio de Auschwitz, exortava os irmãos de martírio
a vencer o ódio com o amor, porque, dizia,"Só o amor é criativo". Ele
recebia este amor da Imaculada, a "Mãe do belo Amor" (cf. Eclo 24,24).
Votos
- Lê e medita a parábola sobre o servo ruim (Mt 18,21-35)
- Oferece o dia por todos aqueles que provocam abortos ou usam anticoncepcionais.
- Recita um Rosário por teu inimigo.
O Escândalo
Contra
o escândalo Jesus disse palavras terríveis que podia pronunciar: "Quem
tiver escandalizado um destes pequenos que crêem em Mim, seria melhor
para ele que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho e fosse
submerso no fundo do mar. Ai do mundo por causa dos escândalos! É
necessário que os escândalos venham, mas pobres daqueles por culpa do
qual o escândalo acontece!"(Mt 18,6-7) Por que esta linguagem de Jesus é
tão terrível? A resposta é simples: porque o escândalo é pior que o
homicídio. De fato, com o escândalo não se atinge o corpo, mas a alma do
homem, matando-a. É um verdadeiro homicídio espiritual; é o "assassino
das almas" segundo S. João Crisóstomo, "aquele a quem mais se deve
temer!" O elemento mais característico do escândalo é a ruína dos
inocentes, dos simples e dos que desconhecem o mal. O escândalo é a
escola da corrupção, do pecado, provocação do mal. É o pecado de um só
que arrasta muitos outros. É semelhante a uma pedra que rola de cima do
monte arrastando consigo tudo o que encontra. É como levedura de
corrupção que fermenta a massa. Em cada campo: espiritual, moral,
educativo; e em cada ambiente: família, escola, fábricas, escritórios;
em cada nível: individual, social, político, cultural, econômico.
Ai do mundo
O
mundo é fonte dos escândalos! "Tudo que está no mundo é concupiscência
da carne e dos olhos, soberba da vida:", (I Jo 2,16). De fato, basta ir
um pouco pelo mundo e se encontram escândalos em qualquer lugar e de
qualquer tipo. Nas ruas há os cartazes de publicidades indecentes; nos
cinemas há os espetáculos degradantes e imundos; nos jornais há títulos
com ilustrações vergonhosas, vômitos, conversas fiadas, falsidade e
ironias negras e nefastas; a televisão com sua pornografia, canções
triviais, vulgaridade e brigas frequentes; nas escolas e livrarias há os
ensinamentos falsos, teorias aberrantes, erros e porcarias
escandalosas; nos estabelecimentos comerciais, nos meios de transporte,
nos lugares de recreação, palavrões e blasfêmias. Mulheres peladas pela
rua, Igreja; publicidade pela moda escandalosa, vestidas
provocantemente. Fora os escândalos clamorosos na administração da
finança pública, da Justiça e luta contra criminalidade. Pe. Pio dizia
que os filmes escandalosos pagarão tudo diante do Juízo de Deus: desde o
diretor aos atores, àqueles que colam cartazes. Sobre quem manda à
frente da moda indecente, da pornografia, dos erros contra a fé e a
moral, dizia o mesmo. Assim será p/ quem quer que coopere em qualquer
escândalo. Jesus fez entender que a justiça de Deus será "flamejante de
ira" (Sl 69,25) contra os escândalos.
Ai de quem escandaliza
Um
pecador escandaloso vivia tranquilo operando um grande mal entre os
fiéis, sem que ninguém ousasse chamar-lhe atenção. Sabendo disso, S.
Afonso de Ligorio mandou chamá-lo, preparando-lhe um truque. Ao entrar
no quarto de S. Afonso, o pecador achou no chão um grande crucifixo que
lhe impedia a passagem. O homem, perplexo, ouviu do Santo: "Passai sobre
o corpo de Cristo! Não é a 1ª vez que o pisais! Já fizestes isso várias
vezes com teus escândalos". Vivamente tocado, o homem chorou e em
silêncio recolhido, mudou de vida. Quem escandaliza pisa os membros de
Cristo. Ele é um perigo público! Precisamos salvá-lo ou dele fugir. S.
Paulo advertia o Bispo Timóteo: "Chama publicamente a atenção daqueles
que cometem culpas em público". (I Tm 5,20) Não precisamos temer, é só
uma obra boa que se cumpre. E se se usa a energia unida à discrição,
nada será perdido junto a Deus, do esforço do bem tentado. S. Roberto
Belarmino, durante uma visita a um príncipe romano, viu na sala de
espera alguns quadros com figuras de pessoas nuas. Durante o colóquio
com o príncipe, nada disse. Ao saudá-lo, disse amabilmente: "Gostaria
ainda de recomendar a Vossa Alteza alguns pobrezinhos que não tem
vestidos para cobrir a nudez". O Príncipe mostrou-se disposto a ajudar; o
Santo mostrou os quadros na parede, dizendo: "Eis os pobrezinhos
desnudos, sofrendo de frio". Compreendendo a mensagem, mandou tirar os
quadros.
Defesa contra os escândalos
Devemos
defender-nos dos escândalos: "Saibas que caminhas em meio aos perigos"
(Eclo 9,20) adverte o Espírito Santo. Precisamos usar de toda cautela
para não tropeçar! Dito em Fátima por Nossa Senhora, a Oração e a
Mortificação são os meios eficazes, pois a oração nos obtém as graças
necessárias para evitar os perigos, além de nos elevar e unir a Deus,
nossa força, e à Ela, nosso refúgio. A mortificação faz dominar os
sentidos, frear os apetites da nossa concupiscência que o mundo procura
continuamente atiçar com os seus escândalos. Devemos ser generosos com a
mortificação. Jesus não é terno neste respeito: "Se teu olho direito te
dá ocasião de escândalo, arranca-o e joga-o fora, pois é melhor pra ti
que um dos teus membros morra do que teu corpo seja jogado na Geena. E
se a tua mão direita te é ocasião de escândalo, corta-a e joga-a fora,
porque é melhor pra Ti que um dos teus membros morra a entrares na Geena
com todo o teu corpo" (Mt 5,28-28). Ajamos como os santos. S. Francisco
de Assis caminhava pela rua com os olhos baixos, evitando os perigos e
pregando sobre ele, além de dar bons exemplos. S. José Cafasso
recomendava aos seus filhos espirituais caminhar pela estrada com grande
modéstia, porque "a estrada mundo é traçada sob um longo precipício". O
que dizer, então, das estradas de hoje? Contra a tentação de olhar os
escândalos dos outdoors, dos romances, da televisão, lembramos de outro
exemplo: S. Domingos Sávio, passando por uma praça onde tinha um parque
de diversões, caminhava modesto e recolhido Um companheiro lhe disse:
"Por que não olhas para os brinquedos do circo e do parque?" Respondeu o
Santo: "Porque quero conservar meus olhos puros para melhor contemplar
Nsa Sra no Paraíso!" Que resposta!
Votos
- Oferece o dia pelos escândalos.
- Examina bem se tem alguma coisa a eliminar entre as tuas coisas.
- Caminha com modéstia para evitar perigos.
14° DIA
A Blasfêmia
"A
minha alma glorifica ao Senhor!" (Lc 1,46). Quando a alma de Maria se
abriu, nos doou um hino de glória e de amor que revela como Ela era
cheia de Deus e seu perfeitíssimo "louvor e glória" (Ef 1,12). Ao oposto
está uma outra alma: aquela do blasfemo. Também aqui a blasfêmia vem de
dentro e revela a ausência de Deus na alma e a ofensa ao dever de
cultivar a glória de Deus. A blasfêmia é um terrível pecado mortal,
gravíssima injúria a Deus, a Maria, aos santos e a tudo o que é sagrado.
S. Jerônimo chega a dizer que todo pecado é leve se comparado a
blasfêmia. Certo que com a blasfêmia se revolta contra Deus, dá-se o
escândalo, provoca-se a ira de Deus e a desgraça da perda da graça
Divina (cf. Cl 3,). Pe. Pio definia a blasfêmia como a língua do diabo, e
se afligia tanto em ouví-la que assim escrevia ao seu diretor
espiritual: "Quanto sofro ao ver que Jesus não é amado pelos homens, mas
o que é pior, insultado e sobretudo, blasfemado horrendamente. Gostaria
de morrer ou ao menos ficar surdo para não ouvir tantos insultos que os
homens fazem a Deus!"Que delírio mental agarra os homens levando-os a
blasfemar? A blasfêmia é uma heresia inspirada por Satanás e é uma coisa
de loucos! Não se pode explicar diferentemente.
Melhor o martírio
Quantos
mártires aceitaram o cruel martírio para não blasfemar? Que glória para
a Fé Cristã! Quando S. Policarpo, nobre ancião, Bispo de Esmirna, foi
levado ao suplício, ouviu o procônsul Romano dizer: "Maldiz teu Cristo e
te livrarei!" Olhando para o Céu, respondeu: "São 80 anos que sirvo ao
meu Senhor e em todo este tempo Ele não me faz mais que bem, e deveria
eu agora blasfemar? Ele é o meu Deus, o meu Salvador, meu supremo
Benfeitor." Aceitou com coragem a morte que foi esplêndida e em frente
de todos. Quase o mesmo aconteceu com a ardente Virgem S. Apolônia. Já
lhe tinham arrancado os dentes, depois queriam que pronunciasse
blasfêmias e heresias, se não a jogariam em uma fogueira já pronta. A
estas condições, a Santa se jogou, mas não pronunciou blasfêmias.
A obrigação de corrigir
S.
Agostinho diz que os blasfemadores de Cristo não são menos culpados
daqueles que na outra vez o crucificaram na Terra. Daqui a obrigação de
repreender e corrigir quem tenha este maldito vício. Devemos suportar
com paciência as injúrias que nos fazem, mas quando na nossa frente uma
boca sacrílega vomita blasfêmias contra Deus, longe de sermos pacientes,
devemos resistir ao pecador e condenar a blasfêmia, sem esconder nossa
indignação. Pe. Pio foi perguntado se precisava repreender quem
blasfemava: "É santíssimo e justíssimo", respondeu. Não se pode
dispensar de um dever que todos devemos cultivar, porque a blasfêmia é
um delito também social. S. João Crisóstomo escreve: "Pela blasfêmia vêm
sobre a terra pestilências, carestias, terremotos, guerras". Pe Pio: "A
blasfêmia atrai os castigos de Deus, as doenças, as desgraças,
desventuras. Nos rouba o pão, limpa a cinza da lareira, faz perder
graças importantes que estavam para chegar." Por isso ele era exigente e
enérgico. Mandava embora os blasfemadores sem os absolver,
investindo-os muitas vezes com palavras terríveis: "A blasfêmia é o
diabo na tua língua! Atrai para ti o inferno!" A blasfêmia é um mistério
de iniquidade.
Blasfemastes tua mãe?
S.
Maximiliano passou por uma rua de Roma e ouviu um homem lançar uma
terrível blasfêmia contra Nossa Senhora. Aproximou-se dele e lhe disse
entre lágrimas: "Por que blasfemas Nossa Senhora? Blasfemarias contra
tua mãe?" Àquelas lágrimas e palavras, o blasfemador arrependeu-se,
pediu perdão e não mais o fez. Se amamos verdadeiramente Maria, façamos
com que seja respeitada. É nossa Mãe. E quando não se pode ou não se
consegue obter uma correção do blasfemador, precisamos ao menos fazer um
pouco de reparação pelas blasfêmias. Alexandre Manzoni conta um pequeno
episódio que lhe aconteceu em Milão. Uma noite de inverno, pelas ruas
em neve, ouviu uma horrível blasfêmia da boca de um homem que limpava as
ruas de neve. Muito triste, quis logo entrar em uma Igreja para
reparar, rezando. E aqui viu outra cena inesperada e belíssima: Junto ao
Sacrário, uma menina mandava beijos a Jesus com sua mãozinha. Olhando
com ternura, Manzoni escondeu o rosto com as mãos para chorar. Na escola
de S. Afonso aprendemos o dever da reparação, lembrando das Suas
Visitas a Jesus Eucarístico e a Nossa Senhora, com aquelas lindas e
significativas palavras: "Eu saúdo hoje o vosso Amantíssimo Coração para
vos recompensar de todas as injúrias que recebestes." Com os santos
aprendemos a reparar logo toda blasfêmia que ouvimos ao menos com
qualquer jaculatória dita com amor. Peçamos a Nossa Senhora que encha a
nossa alma da Graça de Deus.
Votos
- Recitar o Magnificat com amor.
- Oferecer o dia pelos blasfemadores.
- Reparar as blasfêmias corrigindo quem blasfema ou recitando muitas jaculatórias.
15° DIA
A mentira
Quem
não sabe que a mentira é um dos pecados mais comuns entre os homens?
Com que facilidade se diz ou se faz entender ao outro uma coisa por
outra! No comércio ou no escritório, em família ou na fábrica: quantas
mentiras e subterfúgios! Quem poderá enumerá-las senão Deus? Somo
superficiais em considerar a mentira um pequeno pecado. E então não nos
preocupamos em mentir muito quando nos for cômodo. Se dirá que são
mentiras de desculpa ou sem dano, ou úteis para evitar um mal. Mas Pe.
Pio dizia que "as mentiras de desculpas são as jaculatórias do diabo". A
um penitente que lhe perguntou se mentiras de desculpas não se dizem,
respondeu secamente: "NÃO"."Mas, Padre - continuou - não trazem dano". -
Pe. Pio: "Não trazem danos aos outros, mas à tua alma sim, pois Deus é a
verdade".
É filha do diabo
"O
diabo é mentiroso e pai da mentira". (Jo 8,44). Eis quem é o verdadeiro
pai das nossas mentiras. É ele que nos oferece todas as mentiras que
nós distribuímos aqui e ali com tanta simplicidade. Pobre de nós! Se nos
déssemos conta desta realidade, compreenderíamos a sensibilidade dos
santos ao opôr-se com todas as forças a toda mentira a fim de não terem
nada com o pai dela. O angélico Guido de Fontgalland, predileto de
Maria, provava um sincero horror por cada mínima mentira. Sua mãe, uma
vez, ordenou a empregada dizer: "A quem me chamar, diga que saí".
Ouvindo isso, Guido abraçou a mãe, dizendo: "Mãe, por que dizes duas
mentiras: a tua e aquela da empregada? Eu ficaria mais contente em ter
dor de dentes a dizer uma coisa não verdadeira". Melhor sofrer pela
verdade que gozar pela mentira. Melhor o sofrimento com Deus ao prazer
com o diabo.
Sim, sim! Não, não!
Deus
é luz de verdade. O diabo é treva de mentira. A alma sincera é
luminosa. A alma mentirosa está nas trevas. Nós, cristãos, devemos ser
filhos da luz (cf. Jo 12,36). Jesus nos disse que o nosso falar deve ser
claro e leal: Sim, sim! Não, não! (Mt 5,37). Falar com engano,
mascarando a verdade é arte da ruim serpente antiga (Ap 12,19) que
enganou Adão e Eva no Éden (Gn 3,17). Nisto consiste a mentira: dizer o
contrário do que se pensa com intenção de enganar. "Não levantar falso
testemunho" (Lc 18,20) é o mandamento de Deus que nos coloca em luta
contra o pai da mentira. Devemos ser enérgicos e falar sempre a verdade a
qualquer custo. S. João Câncio, padre polonês, foi assaltado.
Roubaram-lhe tudo o que tinha nos bolsos e lhe perguntaram: "Tens mais
algum coisa?" "Não", respondeu. Os ladrões foram embora. Mas S. João
lembrou-se de ter costurado algumas moedas no hábito. Correu até os
assaltantes e lhes ofereceu as moedas. Eles ficaram tão surpresos que
não só a recusaram como devolveram tudo o que roubaram.
Língua de impostura
É
verdade que muitas vezes a verdade nos custará incômodos ou dores
graves. É verdade. Mas o que é isso frente às ofensas a Deus? De frente
ao juízo e castigo de Deus? "A tua língua é como lâmina afiada. Artífice
de enganos. Tu preferes o mal ao bem, a mentira ao falar sincero. Amas
toda palavra de ruína, ó língua de impostura. Por isso Deus te demolirá
para sempre." (Sl 51,4-7). S. André Avelino era advogado. Ao defender
uma causa, disse uma pequena mentira. Triste por esta fraqueza,
aconteceu-lhe de ler este verso: "A boca que diz mentiras mata a alma!"
(Sb 1,11) Não mais hesitou, mas preso por uma impetuosa Graça,
retirou-se do mundo, fez-se religioso e foi Santo. Foi o prêmio de sua
delicadeza de consciência. Façamos nossa esta máxima de S. Vicente de
Paula: “A nossa língua deve exprimir as coisas como as temos dentro,
senão é preciso calar-se.” Dizer a verdade ou calar-se.
A Virgem que escuta
Se
todos lêssemos e meditássemos o cap. 3 do livro de Tiago sobre a
língua, amaríamos o silêncio e estaríamos mais atentos ao usar a língua,
que amiúde "é um fogo, é o mundo da iniquidade; um mal rebelde, cheio
de veneno mortal" (3,6-8) Mentiras, falsidades, erros, calúnias, ofensas
e blasfêmias; tudo passa pela língua. E quanto amiúde o nosso falar é
infectado de tais males sem que o nem queiramos. Olhemos, ao invés, a
Nossa Senhora. Quanto silêncio em sua vida! Silenciosa e iluminosa, ela
aparece no Evangelho e está perto de Jesus, enquanto conservava todas as
palavras, meditando-as em seu coração (cf. Lc 2, 19). Justamente o Papa
Paulo VI a chamou "Virgem que escuta" (Marialis Cultus, n.17)
apresentado-a qual modelo perfeito da Igreja na incessante relação com
Deus, não turbado por palavras vãs (Ef 5,6) nem profanado por palavras
falsas (Pr 30,8).
Votos
- Ler e meditar o capítulo 3 de São Tiago (1-12)
- Beijar mais vezes o crucifixo, pedindo a Deus perdão pelos pecados da língua.
- Rezar a Maria para fazer-nos sempre dizer a verdade ou calar-se, nunca dizer mentiras.
16° DIA
A Ganância
S.
Maximiliano Maria Kolbe queria fazer amada a Imaculada por todos os
homens, pois isso era felicidade aos infelizes que procuram felicidade
nas "alegrias" do mundo. A fonte infinita da verdadeira felicidade é
Deus. Ele se doou a nós em Cristo. Jesus se doou a nós na Imaculada e
através dela. Pela Imaculada começa o caminho de felicidade que leva à
fonte infinita: ao amor Trinitário. “Amai a Imaculada e Ela vos fará
felizes” era o anúncio de S. Maximiliano. Procurar a felicidade nas
alegrias deste mundo é ilusório, porque as alegrias terrenas não trazem
nem provocam amor, mas ganância que é o envenenamento do amor, como
ensina S. Tomás de Aquino. Por isto o abade S. Antão distribuiu todos os
seus bens aos pobres e foi procurar a felicidade no deserto. Já antes,
S. Paulo tinha esculpido em uma frase terrível a realidade da ganância
dos bens terrenos no homem: "A ganância é a raiz de todos os males" (I
Tm 6,10) S. Bernardo afirma: "Não conheço uma doença espiritual mais
dura de suportar quanto a febre dos bens terrenos." O que pode curar
esta febre é somente uma outra febre: a do amor Divino. Uma postulante
pediu, certa vez, para entrar entre as filhas de S. Joana Francisca de
Chantal, trazendo consigo coisas inúteis. A Santa aconselhou-se com S.
Francisco de Sales que lhe orientou deixá-la entrar com aquilo que
quiser. "Quando o amor de Deus entrar na sua alma, saberá mandar embora o
resto." À medida da nossa separação das coisas terrenas é a mesma do
amor de Deus, porque como diz Santo Agostinho: "Mais uma alma se separa
dos bens da Terra, mais adere a Deus".
Não amai o mundo
Em
uma carta escrita a um companheiro de escola, S. Gabriel de Nossa
Senhora das Dores, depois de tê-lo posto em guarda contra os perigos
fatais e sedutores das más companhias, dos espetáculos e divertimentos
mundanos, concluiu assim: "Dize-me, Felipe: eu poderia receber mais
divertimentos do que os que provei no século? Bem, o que sobra?
Confesso: nada além da amargura!" Eis o que reserva ao homem a
experiência dos bens e dos prazeres terrenos: nada mais que amargura.
Por isto o apóstolo S. João nos adverte com força: "Não amai o mundo nem
as coisas dele. Se uma pessoa ama o mundo, o amor do Pai não está com
ela, porque tudo o que está no mundo, a concupiscência da carne, os
olhos e a soberba da vida, não veem do Pai, mas do mundo. E o mundo
passa com sua concupiscência, mas quem faz a vontade de Deus fica
eterno"!(I JO 1,15-17). Quem se entrega ao mundo e às suas
concupiscências, quem vive de frivolidades, o que poderá esperar de
Deus? S. Tomás Moro, 1º Ministro da Inglaterra, entrou no quarto da
filha e achou-a preparando-se para uma festa. Para modelar o busto, duas
damas a apertavam com cordas. Ao ver aquele martírio suportado pela
vaidade mundana, o pai olhou para o céu e num suspiro, disse à filha:
"Filha, o Senhor teria razão se te mandasse para o inferno, já que te
esforças tanto para lá ires te danar".
Inimigo de Deus
Quantas
vezes para satisfazer a própria ganância recorre-se a injustiças e
abusos, não se chega a brigas e lutas? Por um pedaço de terra, por uma
herança, um lucro, travam-se lutas amargas e violentas. S. Tiago grita:
"De onde vieram as guerras e brigas que estão em vosso meio? Não chegam
das paixões que combatem vossos membros? Desejais e não conseguis
possuir, e matais; invejais e não conseguis obter; fazeis guerra! Não
tendes porque não pedis; pedis e não obtendes porque pedis mal, para
gastar com vossos prazeres. Gente infiel! Não sabeis que amar o mundo é
odiar a Deus? Quem então quer ser amigo do mundo, torna-se inimigo de
Deus". (Tg 4,1-4) Duras palavras! Por isso os santos, como S. Paulo,
consideram cada bem terreno como perda, lixo, pois ganhar é encontrar-se
em Jesus (cf. Fl 3,8-9). Lembremos de S. Francisco de Assis, apenas
convertido, deu-se conta e chamou loucura ir atrás das coisas vãs deste
mundo. Em sua total pobreza, viu-se totalmente transfigurado em Jesus
Crucificado. Uma vez, um filho espiritual de S. Felipe Néri
comunicou-lhe, moribundo, que lhe deixava a herança, por testamento. S.
Felipe não só não exultou esta oferta, mas mostrou-se aflito pela doação
e lhe disse que teria muito rezado pela sua cura, oferecendo até a
própria vida. Impôs-lhe as mãos e partiu. O enfermo se curou e o
testamento foi queimado. Uma só ganância tinham os santos: Desejavam
ardentemente morrer e estarem em Cristo (S. Paulo), Deus era-lhes Deus e
Senhor, o tudo! (S. Francisco de Assis) e a idéia fica na Imaculada (S.
Maximiliano Maria Kolbe).
Votos
- Fazer esmola aos pobres de qualquer bem não necessário.
- Meditar: I Jo 2,15-17 e Tg 4, 1-4.
- Pedir a Nossa Senhora, com o Rosário, a separação do coração do mundo.
17° DIA
O respeito humano
O
respeito humano é uma praga na vida cristã. É, também, uma praga para
muitos cristãos. Onde se vê Deus ofendido, Jesus ultrajado, Maria e os
santos maltratados, precisaríamos ver os cristãos corajosos e coerentes
que fariam muros de defesa e de honra à própria fé. Ao invés, quanta
covardia de espírito! Até se esforçam em esconder-se entre os inimigos
da Fé com medo de serem descobertos e apontados. É verdade que hoje,
neste mundo corrupto, nesta sociedade escandalosa e debochada, dominada
pelo ateísmo mais animalesco que se possa conceber, ocorre uma grande
coragem para sermos coerentes. Mas não é talvez este um motivo a mais
para que os cristãos, longe de se esconderem, apresentarem-se como
testemunhas enérgicos da fé "que vence o mundo" (Jo 5,4)? Aqueles que se
envergonham, que têm medo de aparecer como verdadeiros cristãos, têm
mais roupas de verdadeiros traidores do que de discípulos de Cristo.
Contra eles existe a palavra terrível de Jesus: "Quem se envergonhar de
mim e das minhas palavras junto a esta geração adúltera e pecadora,
também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando chegar na Glória do
seu Pai com os Anjos e Santos." (Mc 8,38)
Pescadores e Pescadoras
Na
luta contra o Protestantismo que arruinava a fé de tantos cristãos com
as suas heresias doutrinais e morais, S. Carlos Borromeu quis instruir
grandes escolas de Catecismo e de instrução religiosa para o povo.
Precisou de cristãos e leigos corajosos. Achou-os homens e mulheres.
Dividiu-os em grupos de 'pescadores' e 'pescadoras' e organizou os giros
apostólicos pelas casas, pelas ruas, pelos campos. Era um espetáculo de
verdadeira fé, ver estes cristãos corajosos à obra para testemunhar
Jesus e anunciar o seu Evangelho puro, sem erros. Cada cristão deveria
fazer seu, com orgulho, o grito de S. Paulo: "Não me envergonho do
Evangelho" (Rm 1,16). Em qualquer lugar: em casa ou fora, nos
escritórios e nas escolas. S. Gregório Magno dizia que os verdadeiros
cristãos sabem morrer, mas não transigir. E deveria chegar à lembrança
dos Mártires, sempre vivos na Igreja Celeste e Terrestre. A glória deles
confirma luminosamente a Palavra de Jesus: "Quem quiser salvar a
própria vida, a perderá; mas quem perder sua vida por minha causa e do
Evangelho, a salvará". (Mc 8,35).
Se envergonham
O
que dizer de muitos cristãos, que por respeito humano, faltam até aos
deveres fundamentais? Envergonham-se de fazer o sinal-da-cruz e de
recitar qualquer oração de manhã e a noite, ou antes das refeições.
Envergonham-se de entrar numa Igreja para rezar, tecer um Rosário,
saudar uma imagem sagrada nas bancas de jornais. Envergonham-se de ir à
Missa, de confessar-se, de receber a Eucaristia. Envergonham-se de
reprovar quem blasfema ou profana coisas sagradas. Por fim, alguns
chegam até a envergonhar-se de não blasfemar!!! Envergonham-se de
defender a fé dos ataques e insultos dos inimigos e se envergonham de
serem ainda considerados cristãos. Envergonham-se de não ler impressos
para porcos, de não ver cinemas imundos, de não seguir as modas
indecentes. Envergonham-se de chamar atenção de quem dá escândalo, que
ofende a Moral Evangélica. Chegam a envergonhar-se de opor-se ao aborto,
ao divórcio, à pílula contra a vida humana. Envergonham-se... parece
que não sabem fazer mais nada além disso.
Quem não se envergonha
Ainda
jovem, S. Bernardino de Siena foi convidado uma vez por um tio para ir à
casa dele. Foi, mas encontrou lá outras pessoas que na conversa, com
facilidade, não falavam corretamente. Pronto e resoluto, o Santo disse
ao tio: "Ou estes senhores mudam o modo de falar, ou eu vou embora". O
tio advertiu os hóspedes e a linguagem não mais foi incorreta. Mas onde
quer que se achasse S. Bernardino, incutia respeito a todos. Até os seus
companheiros o sabiam bem, e se às vezes deixavam falarem qualquer
discurso, não correto, só ao vê-lo chegar, diziam entre eles: "paremos,
está chegando Bernardino". O Beato José Moscati foi um cristão cheio de
luz e exercitava uma fascinação indescritível com o testemunho de sua fé
viva. Quem queria podia vê-lo cada manhã recolhido na igreja, por duas
horas de oração. Na cátedra, antes de começar a lição, exortava aos
estudantes de sempre elevar a mente ao "Senhor, Deus das ciências" (I Sm
2,3). Não apenas soava o Ângelus, interrompia cada discurso e até a
visita médica, convidando os presentes a recitar com ele. Que força e
transparência de fé vivia n'Ele, não os mesquinhos respeitos humanos da
nossa fé de covardes complexados.
Não envergonhar-se d'Ela
"Faze-me
digno de te louvar, ó Virgem Santa!" Contra todo respeito humano,
contra todo medo ou covardia, devo e quero louvar Maria, que é minha
Mãe. Não só não me envergonharei dela, mas quero defendê-la e
glorificá-la, quero amá-la e fazê-la amar, onde quer que seja, com
paixão filial sempre ardente. Posso olhar todos os santos, paladinos de
amor vibrante pela Mãe celeste. Em particular, S. Maximiliano, apóstolo e
vítima da Imaculada que dela nunca se envergonhou, mas consumou-se
totalmente por Ela, até o ponto de ser considerado louco, aliás, ao
ponto de chamar-se a si próprio: "o louco da Imaculada".
Votos
- Saudar as imagens de Maria nos quiosques das ruas;
- Falar de Maria em casa e no trabalho;
- Fazer o sinal-da-cruz antes das refeições, convidando a todos.
18° DIA
Erros e desvios
A
Igreja teve que combater sempre contra erros e desvios, pois não
existiu período da sua história em que não tenha sido perturbada pelos
assaltos de quem a queria arrastar na desordem doutrinal e moral.
Satanás, o grande inimigo, é o hábil manobrador de uma rede de
armadilhas que tende a difundir a verdade, trazendo confusão e trevas.
Jesus disse expressamente ao seu vigário, S. Pedro: "Simão, Simão.
Satanás pediu que lhe fosse entregue para vos peneirar como o milho" (Lc
22,31). E Satanás fez o seu pérfido ingresso de um ano na Igreja e no
mundo, provocando erros e desvios, contradizendo para trazer bagunça e
confusão. De fato, até hoje nos encontramos em um clima de ar quente
pelos novos erros e desvios que estão dilacerando a humanidade e fazem
gemer a Igreja. Nossa Senhora o predisse em Fátima quando exortou com
insistência a acolher sua mensagem de Oração e Penitência, senão o
comunismo teria "difundido os seus erros no mundo". A humanidade é
dilacerada pelo comunismo e pela maçonaria, que fazem avançar
terrivelmente o materialismo ateu e o laicismo dessacralizador de todo o
valor religioso. A Igreja geme sob o enfurecer de temporais
devastadores, seja na doutrina, moral, formativo. Os "tufões das
cristologias", como disse Paulo VI, abateu-se junto àqueles das
antropologias, dos pluralismos, dos ecumenismos, das propostas para uma
nova moral, das diversas teologias variamente denominadas: de morte de
Deus, da esperança, da libertação, neopositivista, anti-religiosa,
escatológica, política... Que Babel tenebrosa!
Na hora das trevas
Consequências?
Incertezas para as verdades atacadas ou negadas: A Santíssima Trindade,
A Divindade de Jesus, a Encarnação do Verbo, a Concepção Virginal de
Jesus e a Virgindade de Maria, a Ressurreição de Cristo, o sacrifício da
Santa Missa, a presença real de Jesus na Eucaristia, a existência do
Diabo e do Inferno, do Purgatório e do Limbo, a necessidade do Batismo, a
imortalidade da alma, a infalibilidade Papal... Incertezas na moral:
pecado mortal inexistente para os que não se resguardam de atos impuros,
desejos carnais, leituras imundas relações pré-matrimoniais e
extra-conjugais, pílulas anticoncepcionais, divórcios, homossexualidade,
eutanásia e aborto. Blasfêmias: Confissão a eliminar, Comunhão em
pecado mortal, nenhuma obrigação às Santas Missas festivas, liturgia a
gosto pessoal, fim do Rosário. Incerteza na vida da Igreja: destruída a
Ação Católica, fechados muitíssimos seminários, perdas enormes de
vocações sacerdotais e religiosas, Padres, Freiras e Frades que renegam a
Consagração a Deus, Ordens religiosas em declínio, rebelião aberta ao
Papa, formação de grupos extremistas, quase total falta de conversões,
profanação de Igrejas e Altares... Tinha razão Pe. Pio, que ao fim da
sua vida, exortava a rezar esta jaculatória: "Ó, Jesus, salva os eleitos
na hora das trevas".
Sempre com a Igreja
"Jesus
Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre. Não vos deixai desviar por
doutrinas diversas e estranhas." (Hb 13,8) No meio das "tempestades" dos
erros que circulam como veneno no sangue, fiquemos bem unidos à Igreja,
"coluna e fundamento da Verdade" (I Tm 3,15); fiquemos bem unidos ao
Vigário de Cristo, único "infalível na fé" (Lc 22,32); fiquemos bem
amarrados aos Doutores e Santos da Igreja, que nos ensinam o "caminho
certo pelo qual poderemos chegar à perfeita união com Cristo, isto é, a
santidade" (Lumen Gentium, n.50) Esta, só esta é a Igreja, nossa Mãe. Só
esta é a defesa certa dos erros e perigos. E a Igreja falou até hoje
contra todos os erros da hora presente. O Papa ou as Congregações da
Santa Sé rebateram os erros e defendeu as sacrossantas verdades da nossa
fé evangélica. Nada mudou nem mudará, porque a verdade do Senhor dura
para sempre. (cf. Sl 116,2) A heresia é sempre uma novidade, porque é a
corrupção da verdade. S. Cipriano compara a heresia a um ramo cortado da
planta: é condenado a morrer. Ou ainda é semelhante a um rio separado
da fonte: secará em pouco tempo na terra árida. Nós queremos estar com a
Igreja!
O maior despropósito
Pe.
Pio encontrou alguns operários que trabalhavam no convento, e lhe
informaram que eles eram comunistas, mas católicos. Respondeu, zangado:
"Comunistas católicos! Pode-se dizer uma besteira dessas?" Infelizmente
este enorme despropósito é a bandeira de muitos comunistas e muitos
católicos. Creem de por juntas as duas coisas sem se darem conta que se
excluem reciprocamente. O verdadeiro e sincero comunista é ateu, deve
ser e não pode não sê-lo, pois o contrário seria desonestidade e traição
ao comunismo. O Verdadeiro católico deve ser crente e não pode deixar
de sê-lo, renegando o ateísmo e toda a doutrina que não seja a de
Cristo. Evidentemente estes irmãos, que nem se dão conta de serem
verdadeiros traidores, têm o espírito cego (cf. Mc 6,52). Quanto é
triste isto, se se pensa às riquezas infinitas de verdades e de amor que
o Evangelho nos oferece para todos os nossos problemas. Que necessidade
poderá ter um Católico de recorrer a quem crê cegamente só em uma
miserável coisa: a matéria?
Vencedora das heresias
De
frente ao espetáculo desolador dos erros e desvios que estão
dilacerando a humanidade, nós, católicos, não devemos perder a coragem,
pois temos a Vencedora de Satanás e de todos os erros: a Imaculada,
Aquela que pisa a cabeça da serpente infernal (cf. Gên 2). Uma velha
antífona da Igreja cantava assim: "Tu só, Bendita Virgem, abateste todas
as heresias do mundo inteiro". Tudo está em que nós amamos Maria,
rogamos a ela e a imitamos com generosidade. Ela nos protegerá e nos
livrará dos perigos. Digamos com a filial confiança de S. Felipe Néri:
"Maria Santa, põe-me a mão na cabeça, senão fico herético e comunista."
Entreguemo-nos ao Seu Coração Imaculado, porque ele triunfará!
Defendamos Maria dos ataques inimigos que hoje lhe nega não só o devido
culto, mas o devido reconhecimento das maravilhas que Deus nela operou
(cf. Lc 1,49) com a Perpétua Virgindade da Alma e do Corpo, com o parto
Virginal de Jesus que "não só não diminuiu, mas consagrou a integridade
virginal da Sua Santíssima Mãe" (da Liturgia). Hoje é fácil sentir
sombras sobre a Imaculada Conceição e Assunção. Esvazia-se de toda a
consistência a verdade da Mediação Universal de Maria. Reduz-se de muito
a sua realeza e presença de Graça. Atacam-se as formas de devoção
mariana, até as mais veneradas, como o Santo Rosário e os meses a Ela
dedicados. Precisamos reagir! É nosso dever defender com paixão de
filhos a honra a beleza de nossa Celeste Mãe. Lembremos de S. Afonso
Maria de Ligório, que quando empunhava a caneta para defender a Virgem
dos ataques inimigos, chorava lágrimas quentes. Que grande coração de
filho ele tinha. E nós?
Votos
- Oferecer o dia pelas necessidades da Igreja;
- Recitar um Rosário por aqueles que traem a própria fé;
- Uma mortificação de presente ao Imaculado Coração.
19° DIA
O Vigário de Cristo
O
primeiro filho de Maria, depois de Jesus, é o Papa. Ninguém pode tirar
ao Vigário de Cristo este primeiro lugar no Coração de Maria. Se nós
quisermos amar muito o Papa, devemos pedir esta Graça a Maria, porque
quem o pode amar como Ela? O Papa é nossa rocha, uma rocha evangélica,
divina, criada pela palavra Viva de Jesus, Verbo Encarnado: "Tu és Pedro
e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja", (cf. Mt 16,18).
Justamente S. Francisco de Sales dizia que Jesus, a Igreja e o Papa são
um só. É impossível dividi-los. Eles são a pedra angular (cf. Lc 20,17)
da humanidade, do mundo, do universo a salvar. Por isso existe tanta
superficialidade nas palavras de quem diz que aceita Jesus Cristo e a
Igreja, mas não o Papa. Quando Napoleão prendeu o Papa Pio VII para
decidir algumas questões sobre a Igreja, reuniu ele mesmo em Paris,
muitos Bispos - o da França e da Itália - e queria que deliberassem
sobre os pontos em questão. Mas os Bispos ficaram em absoluto silêncio.
Napoleão insistiu e fez fortes pressões. Nada. Então começou a perder a
paciência e a ameaçar. A esta altura, o mais ancião dos Bispos
levantou-se e disse calmamente: "Senhor, esperamos pelo Papa. A Igreja
sem o Papa não é Igreja".
Não se pode enganar
O
Papa é o único mestre sobre a Terra que nunca se pode enganar no
ensinamento da fé e da moral. "A fé romana é inacessível ao erro". (S.
Jerônimo) E é por isso que S. Cipriano podia afirmar: "A Igreja de Roma é
raiz e mãe de todas as Igrejas". Somente quem está unido ao Papa está
certo de estar na verdade infalível daquilo que se deve crer e fazer
para se salvar. É o próprio Jesus que quer a infalibilidade de S. Pedro:
"Rezei para que não te falte a fé" (Lc 22,32). É Jesus mesmo que o quer
como nosso guia infalível: "Confirma os teus irmãos" (idem). Por isto o
Papa é o único mestre universal e que nunca perderá a fé. Aliás, é o
único que pode confirmar a fé dos cristãos, garantindo-a infalivelmente
de todo erro doutrinal e moral. Neste sentido, sobre a Terra, o Papa é o
Supremo Teólogo, Biblista, Moralista. Somente a sua palavra de mestre
universal é garantida divinamente por Jesus, "Caminho, Verdade e Vida"
(Jo 14,6). Por isto S. Tomás de Aquino, chamado "mestre do mundo",
estava pronto em renunciar a qualquer pensamento dos Grandes Santos
Padres em frente ao pensamento do Papa.
O fracasso do Inferno
Contra
o Papado fracassaram não só todos os homens que quiserem lutar, mas
todo o Inferno. É sempre Jesus a garanti-lo: "As portas do Inferno nunca
prevalecerão" (Mt 16,18). E não só os inimigos não prevalecerão, mas se
destruirão sobre esta pedra angular, rocha contra a qual bate pedra e
ruína. "De fato, contra ela irão lutar aqueles que não quiserem
acreditar no Evangelho" (I Pd 2,7-8). Contra ela foi bater Lutero, o
impenitente heresiarca, que ofendia e maldizia o Papa: "Oh, Papa! eu
serei a tua morte! Sim, eu, Papa Lutero I! Por mandamento de Nosso
Senhor Jesus Cristo e do Altíssimo Pai, te mando ao Inferno!" Pobre e
infeliz Lutero. Contra o Papa se atirou também o terrível Napoleão. O
Papa lhe disse: "O Deus de outros tempos ainda vive. Ele sempre destruiu
os perseguidores da Igreja". Na Ilha de S. Helena, Napoleão lembrava
estas palavras e dizia a um amigo: "Ah, Porque não posso gritar daqui
àqueles que têm qualquer poder sobre a Terra: respeitai o representante
de Jesus Cristo. Não tocai no Papa, senão sereis destruídos pela mão
vingadora de Deus. Melhor, protegei a Cátedra de S. Pedro."
Os falsos mestres
Escrevendo
a Timóteo, S. Paulo ensinava esta importante verdade: "quando não mais
se suportar a doutrina sã, procuramos uma multidão de mestres que
consentem de secundar as próprias paixões e que falem de fantasias ao
invés de verdades" (II Tm 4,3-4). Basta ler certos livros de teólogos
considerados grandes e célebres para dar razão e S. Paulo de olhos
fechados. E estes teólogos são "uma multidão" e preparam um mercado
enorme de livros e revistas que são como comida podre, avariado ou
suspeita. Pobres os incautos que os compram! Estes teólogos são os
falsos mestres de quem falam os terríveis S. Pedro e S. Paulo (II Pd 2,
2-11, I Tm , 3-7; 4, 1-11,; 6, 3-; II Tm 3,1-7; 4,1-5). Estes falsos
mestres são chamados pelo Papa Paulo VI "teólogos de quarto" ou
"auto-teólogos" e deles diz ainda: "é necessário desconfiar, porque
fazem naufrágio da fé" (cf I Tm 1,19).
Rezar pelo Papa
A
pequena Jacinta, antes da morte, teve uma visão na qual se via o Papa
em meio a gravíssimos sofrimentos. A pequena vidente recomendou com
todas as suas forças, da parte de Maria, de rezar pelo Papa, de sofrer
com ele e por ele, do dever de pastorear o rebanho universal (cf. Jo 21,
15-17). Sabe-se que sempre existiram almas generosas que ofereceram e
dedicaram a vida pelo Papa. S. Vicente Strambi, confessor do Papa Leão
XII, ofereceu-se como vítima para fazer viver longamente o Papa. E assim
foi: O Papa viveu por outros cincos anos, e o Santo morreu cinco dias
após sua oferta. Guido Negri, corajoso soldado, morreu acertado na
fronte depois de ter oferecido sua vida pelo Papa. Nós todos podemos
demonstrar ao Papa o nosso filial apego, como o demonstra S. Maximiliano
Maria Kolbe, que considerava cada vez uma entusiasmante Graça pode ver o
Papa, avizinhar-se, beijar-lhe a mão, como o demonstrava Pe. Pio, que
queria ter sempre a foto do Papa ao lado daquela de Maria. E pouco antes
de morrer, escreveu uma carta ao Papa para renovar-lhe a sua total
dedicação.
Votos
- Oferecer o dia pelo Papa.
- Dizer um Rosário pelo Papa.
- Fazer uma mortificação pelo Papa.
20° DIA
Santificar as festas de preceito e Domingo
Parece
incrível que se deva fazer força para obter dos cristãos de não
trabalhar nos domingos e em festas de guarda para dedicar-se ao Senhor e
à própria alma. Não só, mas o cúmulo é que só se consegue obter o
descanso festivo e a participação à Santa Missa só de uma pequena
minoria de cristãos. Já chegamos a este ponto! Com quais consequências?
Aquelas já previstas pelo Papa Leão XIII: "Não respeitar os domingos,
este é o princípio de todos os males: é a festa apagada, a eternidade
esquecida, é Deus excluído da vida do homem." É o quadro mundial da
sociedade de hoje: ateísmo, laicismo, materialismo, animalismo. Com o
Concílio Vaticano II, o domingo ficou posto ainda mais em lugar de
honra, como o dia do Senhor e o dia da alegria do homem. Todos os
domingos" os fiéis devem reunir-se em assembléia para ouvir a Palavra de
Deus e participar à Eucaristia. O domingo é a festa primordial que deve
ser proposta à piedade dos fiéis, de modo que resulte também em um dia
de alegria e de descanso" (SC, n.106). Todos os domingos, os cristãos
hão de ganhar para a alma, com a nutrição espiritual que recebem da S.
Missa para o corpo, com o descanso que restaura das fadigas da semana.
Só temos a ganhar! O domingo recarrega de energias a alma e o corpo. É
um dom de Deus. É dia de graça. "Este é o dia que o Senhor fez para nós"
(Sl 117,24). Por isso, S. Tomás Moro, o Chanceler da Inglaterra, mesmo
quando com a perseguição foi preso, festejava o Domingo, mandando trazer
e vestindo os hábitos da festa para agradar o Senhor.
Todos à Santa Missa
As
duas coisas mais importantes das festas são a participação à Santa
Missa e o repouso do trabalho. A participação na Santa Missa não
consiste em estar presente na Igreja durante a celebração, porque os
bancos e as paredes também estão, mas em participar ativa e
sentidamente: ativa no seguir ponto por ponto o desenrolar dela; sentida
no unir-se vivamente a Jesus que se sacrifica no Altar entre as mãos do
sacerdote. A participação é plena se se recebe também a Comunhão,
depois de ter devidamente purificado a alma com o Sacramento da
Confissão. É este o Domingo do cristão: Confissão, Santa Missa e
Comunhão. São três tesouros de infinito valor que enriquecem
maravilhosamente a vida da Graça. Em tal modo, o domingo é o "Dia do
Senhor" e a "Festa da Alma". Muitos cristãos se contentam só com a Santa
Missa. Por quê? Porque estão provados dos dois Sacramentos da Confissão
e Comunhão. E se pode chamar dia do Senhor um domingo sem a Comunhão?
Os antigos cristãos chamavam o domingo também com duas palavras: Dies
Panis: Dia do Pão, porque todos participavam à Santa Missa e recebiam
Jesus Eucarístico, Pão do Céu (cf. Jo 6,41). Não devia ser assim também
hoje para todos os cristãos?
É pecado mortal
O
dever da Santa Missa festiva é grave. Quem não participa à Santa Missa
festiva comete pecado mortal. Só o caso de grave necessidade ou de
impossibilidade (doença) faz evitar o pecado. Nem vale escutar a Santa
Missa pelos meios de comunicação. Este é um ato de devoção útil a quem
está privado de ir a Igreja. A Santa Missa é o ato comunitário e social
por excelência. Por isto é necessária a presença viva no seio da
comunidade. Lembremo-nos sempre: pela sua importância, a Santa Missa
deve ocupar o 1º lugar no domingo. Tudo lhe deve ser subordinado e
condicionado. Quando o Pio Alberto I, Rei da Bélgica, encontrou-se nas
Índias, organizaram-lhe uma esplêndida excursão para o dia de domingo. O
programa foi apresentado ao Rei, que examinou e logo disse:
"Esquecestes um ponto: A Santa Missa. Este antes de mais nada." Que
lição para tantos de nossos excursionistas, tão prontos em sacrificar a
Santa Missa e em transformar o domingo de "Dia do Senhor" em "dia do
demônio". Ainda mais edificante é o exemplo que dão alguns simples
fiéis, que enfrentam sacrifícios duros para não perderem a Santa Missa.
Uma senhora deve percorrer a pé diversas horas do caminho; um operário
que pode correr à Santa Missa só às primeiras horas do dia; uma mãe de
muitos filhos que nunca perdeu uma Missa...
O repouso festivo
Para
louvar o Senhor, para a Ele dedicar-se, cuidando da própria alma, é
necessária a abstenção do trabalho. Ensina S. Gregório Magno: "No
domingo se deve interromper o trabalho e dar-se à oração, para que as
negligências dos dias precedentes sejam descontadas com a oração deste
grande dia". Se se pudessem escutar de novo os sermões que S. Cura d'Ars
fez por 8 anos contra o trabalho festivo, ficaríamos tocados e
comovidos. Dizia o Santo: "Se perguntamos a quem trabalha no domingo: O
que estais fazendo? Deveria responder: Estou vendendo a alma ao demônio e
colocando Jesus na Cruz de novo, condenando-me ao Inferno". Próprio
naqueles tempos Maria aparecia nos montes de La Salette e advertia: "O
Senhor vos deu seis dias para trabalhar, reservando-se o 7º, e não o
quereis dar. Eis o que faz ficar pesado o braço Divino". É possível que
temamos de perder, se servimos o Senhor, observando o seu Mandamento?
"Gente de pouca fé! Procurais antes o Reino de Deus e a sua justiça, e o
mais vos virá por acréscimo!" (Mt 6,33). O pai de S. Terezinha tinha
uma ourivesaria. Aberta toda a semana e fechada os dias festivos. Uma
pessoa aconselhou-o a abri-la nos dias que fechava, já que os camponeses
iam nestes dias fazer compras. Até seu confessor o autorizou. Mas ele
não quis. Preferia perder aquele lucro a afastar uma só bênção de Deus
sobre a sua família. E o Senhor o fez enriquecer com os lucros da loja.
É fundamental
Observar
o 3º mandamento é fundamental para a vida do cristão. Frequentar a
Igreja, aproximar-se dos Sacramentos, participar à Santa Missa, ouvir a
Palavra de Deus, são alimentos vitais da vida cristã. Privar-se
significa condenar-se à ruína, ao sofrimento eterno. Um venerado Bispo
Francês, ao preparar o seu túmulo, fez esculpir uma pedra com estas
palavras: "Lembrai-vos de santificar as festas, porque só isso me basta.
Se os fiéis me obedecerem, chegarão certamente à salvação. "Tinha
razão. Quem santifica as festas se tem em relação com Deus e fica de
domingo sob seu salutar influxo e chamada. Por isso Pe. Pio, na
Confissão, era muito severo ao fazer respeitar este mandamento, e muitos
penitentes tiveram por causa deste pecado recusada a absolvição,
mandados embora bruscamente com um: "Vai embora, desgraçado!" Maria, Mãe
de Jesus e nossa, quer ver ao menos todos os domingos reunidos em volta
do Altar, em volta de Jesus, seus filhos. Ela nos quer todos os
domingos para nos poder ter no Domingo Eterno, que é o Paraíso.
Votos
- Oferecer o dia em reparação dos pecados contra o terceiro mandamento.
- Convencer em santificar a festa a algum dos parentes ou amigos que não santifica.
- Meditar atentamente sobre a Palavra de Deus no domingo
21° DIA
A Confissão
O
Sacramento da Confissão está todo na parábola do Filho Pródigo (Lc
15,11-24). O pecado, o arrependimento, o perdão: o homem peca, o pecador
se arrepende, Deus perdoa. São 3 realidades enlaçadas pela misericórdia
de Deus. A confissão é o remédio do pecado, é o conforto do pecador, é o
abraço de Deus ao filho que volta. Não tem sacramento mais humano,
porque segue o homem e o ampara nas fraquezas e misérias de cada dia,
apresentando-lhe o paterno vulto de Deus, que é feliz em perdoar os
filhos, porque os quer salvar: "Não quero a morte do pecador, mas que
ele se converta de sua conduta e viva" (Ez 33,11).
A quem perdoares...
O
perdão dos pecados nos vem de Deus, mas só através dos seus ministros
sobre a Terra: os Sacerdotes. A eles Jesus deixou o seu mandato: "A quem
perdoardes os pecados, serão perdoados; e a quem não perdoardes os
pecados, não os serão". (Jo 20,33). Quantas vezes? Sempre que eles sejam
dispostos. Nenhum limite a misericórdia de Deus (cf. Mt 18,22). "A
misericórdia divina é tão grande que nenhuma palavra a pode exprimir e
nenhum pensamento a pode conceber" (S. João Crisóstomo). S. Isidoro
afirmou que "não existe delito tão grande que não possa ser perdoado na
confissão". Seja glorificado, Deus, em sua infinita misericórdia! O que
dizer da alegria de Maria quando nos aproximamos deste sacramento? Ela
mesma, toda esplêndida de candor e Graça, a Imaculada, não pode senão
amar imensamente este Sacramento que anula o pecado e faz brilhar as
almas dos seus filhos. Certamente toda confissão é uma Graça da
Maternidade de Maria, que quer ver as almas dos seus filhos semelhantes a
Ela para a alegria de Jesus.
Minha Nossa Senhora, basta!
A
Beata Ângela de Foligno, quando jovem, tinha se confessado mal, não
contou alguns pecados por vergonha. Arrastou-se assim por algum tempo,
vivendo entre cruéis remorsos, perturbações e infelicidades. Um dia,
sacudiu-se: jogou-se aos pés de uma imagem de Maria e lhe suplicou aos
soluços: "Minha Nossa Senhora, basta! Eu não quero mais viver assim!
Hoje mesmo direi tudo ao meu confessor". E teve a graça de fazê-lo. Era
hora! Teve, depois, uma vida de penitência tremenda que a ajudou
potentemente a transformar-se ate o vértice das mais altas experiências
místicas. Nunca duvidemos e não hesitemos em recorrer a Maria para obter
a graça da Confissão. "A boa confissão é a base da perfeição". (S.
Vicente de Paulo) Da confissão se parte e se reparte para as mais altas
empresas do espírito e vice-versa. A diminuição e a ausência de
confissão fazem caminhar para trás através da estrada larga e cômoda que
leva à perdição. (cf. Mt 7,13).
Se te acusas, Deus te desculpa
Parece
incrível, mas são muitos os cristãos que não apreciam e fogem do
Sacramento da Confissão. Só teriam a ganhar, mas ao invés, nem se dão
conta disso. Tão prontos para ir ao médico pelo menor mal-estar do
corpo, descuidam-se, porém, da saúde da própria alma como se fosse um
pano de chão. Talvez ignorem os grandes benefícios do sacramento, ou o
consideram só no seu aspecto mais penal: a acusação das próprias
misérias. É necessário considerar os grandes frutos positivos que a
Confissão nos dá. Na vida de S. Antônio de Pádua se conta que um dia um
grande pecador foi confessar-se com o Santo, depois de ter ouvido um
sermão seu. O arrependimento do pecador era tão vivo que lhe impediu de
falar pelos contínuos soluços. S. Antonio então lhe disse: "Vai, filho,
escreve teus pecados e depois volta". O penitente foi, escreveu os
pecados em uma página, voltou ao Santo e leu a lista das culpas. Qual
não foi a surpresa, ao fim da leitura, deu-se conta que a página tinha
voltado a ser branca, sem um traço de escrita. Eis o símbolo da alma que
volta pura da confissão. Diz S. Agostinho: "Quando o homem descobre as
suas falhas, Deus as vigia; quando as esconde, Deus as descobre; quando
as reconhece, Deus as esquece." Ainda mais eficaz é S. Francisco de
Assis com esta breve frase: "Se tu te desculpas, Deus te acusa; se tu te
acusas, Deus te desculpa." Pelo resto, continua S. Agostinho: "é
preferível suportar uma ligeira confusão a um só homem que ver-se
coberto de vergonha junto a inumeráveis testemunhas, no dia do Juízo".
Era isto que também Pe. Pio dizia aos seus penitentes. E é assim.
Os três quadros
Por
isto S. Carlos Borromeu, antes de confessar-se, parava para meditar
sobre 3 quadros que tinha mandado pôr na sua Capelinha. O 1º
representava o Inferno com os seus danados maltratados horrivelmente:
isto servia para inspirar salutar temor. O 2º representava o Paraíso com
os Bem-aventurados extasiados de alegria: isto lhe dava uma carga de
empenho para evitar o pecado e não perder o Paraíso. O 3º representava o
Calvário com Jesus crucificado e Nossa Senhora das Dores: isto lhe
enchia o coração de dor vivíssima pelos sofrimentos causados a Jesus e a
Maria com os pecados, convidando-o ao mais firme propósito de
fidelidade e de amor. Confessar-se assim significa não só purificar-se
das culpas, mas enriquecer-se e crescer cada vez mais na vida da graça. E
pensar que S. Carlos Borromeu confessava-se todos os dias...
Confessar-se todas as semanas
Se
cada confissão é um tesouro de graça porque lava a minha alma no Sangue
de Jesus, purificando-a "das obras de morte" (Hb 9,14) é claro que
precisamos aproveitar com grande interesse e frequência! De quando em
quando confessar-se? A norma áurea da vida cristã é a Confissão semanal.
Muitos santos, é verdade, confessavam-se mais vezes por semana, e até
todo os dias: S. Tomás de Aquino, S. Vicente Ferrer, S. Francisco de
Sales, S. Pio X... Mas se nós não somos capazes de tanto, não devemos
porém, fazer passar a semana sem nos lavar santamente no Sangue de
Jesus. Como era pontual à Confissão ao menos semanal, para S.
Maximiliano Maria Kolbe. Proponhamo-nos seriamente nós também esta
norma, respeitando-a fielmente: cada confissão é uma Graça de Maria, Mãe
de Misericórdia. E se Ela em Lourdes e em Fátima recomendou tanto a
Penitência, lembremo-nos que a maior e mais salutar penitência é aquela
sacramental: a Confissão frequente. Sobretudo, porém, devemos
confessar-nos o mais depressa quando cometermos pecado mortal. Não nos
contentemos do Ato de Dor e nunca fazer a Comunhão sem nos termos
confessado, porque faríamos só um sacrilégio horrendo: "se recebe a
própria condenação", grita S. Paulo (I Cor 11,29). E seria mesmo uma
loucura fazer um sacrilégio tendo à disposição o Sacramento da
Misericórdia. Maria nunca o permita.
Votos
- Propósito de se confessar toda semana;
- Pedir perdão de todas as confissões mal feitas;
- Meditar a parábola do Filho pródigo (Lc 15,11-32).
A Eucaristia
A
Eucaristia é Jesus presente entre nós e por nós. Na Eucaristia está
realmente presente Jesus com Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Com a
Eucaristia temos de verdade o Emanuel, ou seja, "Deus Conosco" (Mt
1,23). Justamente S. Tomás de Aquino nos exorta a refletir que não
existe nenhuma religião na Terra, que tenha o seu Deus tão perto e tão
familiar como a religião cristã, com a Eucaristia. Coisa ainda maior é
que o Verbo Encarnado, Jesus, não só vive entre nós, mas se quer doar,
entrar em nosso coração e fazer-se um com cada um de nós. "Quem come
minha Carne e bebe o meu Sangue, vive em mim como eu nele" (Jo 6,57).
Jesus quer isso a cada dia. Por isso se fez Pão, por que o pão é o
alimento cotidiano, é o nutrimento de cada dia, sem o qual nós
enfraquecemos e morremos.
A Santa Missa
Onde
e quando Jesus se faz Eucaristia? Na Santa Missa. Quando o Sacerdote
consagra o pão e o vinho, temos o sacrifício supremo, incruento de
Jesus, presente realmente no Altar no estado de vítima. Oh! Qual Divino
prodígio é a Santa Missa, que renova o Sacrifício da Cruz e opera o
milagre da transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de
Jesus oferecido por nós. Tinha razão S. Afonso Maria de Ligori ao dizer
que Deus não poderia fazer uma coisa maior que a Santa Missa. Pe. Pio
dizia que a Santa Missa é infinita como Jesus. Por isso os santos amavam
a Santa Missa com uma paixão ardente. S. Francisco de Assis queria
ouvir ao menos duas Santas Missas ao dia e quando estava doente, queria
que um irmão celebrasse em sua própria cela. E nós? Não é verdade que
tantos cristãos fazem dificuldades até pra ir à Santa Missa aos
domingos? Quão pouco se compreende deste Mistério divino que é a riqueza
infinita da Igreja. Se quisermos amar Maria não podemos esquecer que
nunca estamos tão perto dela como quando estamos juntos do altar onde se
renova o sacrifício do Calvário (cf. Jo 19,25) Ao Pe. Pio perguntaram
se Maria estava presente durante a Santa Missa. Respondeu em tom de
surpresa: "Mas não A vêem no tabernáculo?"
A Santa Comunhão
Com
a Santa Comunhão Jesus se doa a cada um de nós para nos nutrir do Seu
Corpo e do Seu Sangue. "A minha carne é verdadeiro alimento e o meu
Sangue é verdadeira bebida" (Jo 6,56) Nutrimento Divino. Nutrimento de
Amor e de infinito valor e força. "Bem-aventurados os convidados à ceia
nupcial do Cordeiro!" (Ap 19,9). Quem não come deste pão enfraquecerá
espiritualmente dia após dia. Jesus o disse com palavras claras: "Se não
comerdes minha Carne e não beberdes o meu Sangue, não possuireis a vida
em vós" (Jo 6,53). Por isso os santos tinham fome de Jesus e eram
heróicos ao fazer qualquer sacrifício para não se privarem do Pão da
Vida descido do Céu (cf. Jo ,35-59). O Beato José Moscati fazia todas as
manhãs a Santa Comunhão. E quando ia viajar para o estrangeiro a
congressos científicos dos médicos, viajava de noite ou descia de
aeronaves, girava as cidades sempre de jejum desde a meia-noite
procurando uma Igreja para Comungar. Ele dizia não se sentir capaz de
iniciar visitas médicas se antes não tivesse recebido Jesus. E nós?
Temos talvez a Igreja a poucos passos, mas não sentimos nenhuma atração
pela Santa Comunhão. Somos capazes de ficar sem comunhão até aos
domingos. Pobre de nós! Que Nossa Senhora nos ilumine e nos sacuda! Se
rezarmos a ela com alegria, Ela nos dará a Graça e a força de
aproximar-nos até mesmo todos os dias à Santa Comunhão, porque na Terra
não existe nada mais que a faça mais contente quanto a mostrar-lhe Jesus
nos nossos corações. Então Ela nos aperta contra o seu coração em um
único abraço com Jesus.
Com Jesus e por Jesus
A
Santa Missa e a Comunhão me enchem de Jesus para me fazer viver com
Jesus e para Jesus o dia inteiro. Com que freqüência, durante o dia, o
amor de Jesus me deveria reportar à Eucaristia! Por isso S. Francisco de
Sales e S. Maximiliano Maria Kolbe tinham o propósito de fazer a
Comunhão Espiritual a cada quarto de hora! Por isto os santos procuravam
toda hora e todo momento para correrem e estarem perto de Jesus sempre
que possível. As visitas Eucarísticas, as horas de adoração, o pouco
tempo de oração junto ao Sacrário, eram a paixão dos santos. E como se
industriavam. S Roberto Belarmino, quando jovem, indo à escola, passava
na frente de duas Igrejas: indo e voltando, fazia 4 visitas à
Eucaristia. A Beata Anna Maria Taigi, mãe de 7 filhos, tinha todo
cuidado para fazer ao menos uma longa visita cotidiana a Jesus
Eucarístico. Todo Santo é uma criatura de amor e não pode não sentir
atração pelo Sacramento de Amor.
Precisamos dos Sacerdotes
S.
Gema Galgani dizia que no Paraíso iria agradecer a Jesus, sobretudo
pelo Dom da Eucaristia feita aos homens. É impossível que Deus pudesse
dar-nos qualquer coisa mais que Si mesmo! Mas como poderíamos ter a
Eucaristia sobre a Terra sem os Sacerdotes? Eles, somente eles são os
dispensadores dos mistérios divinos (cf. I Cor 4,1). Só a eles Jesus
disse depois da 1ª Santa Missa da história, celebrada na 5º feira santa:
"Fazei isso em memória de mim" (Lc 22,19). Por esta divina Missão de
renovar o Sacrifício de Jesus, o Sacerdote é o escolhido por Deus que o
separa de todos os outros homens e o Consagra "Ministro do Tabernáculo"
(Hb 5,4; 13,10; Rm 1,1) Feliz o Sacerdote! Os Anjos o veneram porque ele
representa Jesus! S. Cipriano diz com força: "O Sacerdote no altar
opera na Pessoa mesma de Jesus". Mas para ter os Sacerdotes precisamos
das vocações sacerdotais E não só: precisamos de todas as graças da
correspondência e da fidelidade à vocação. Quem nos doará todas essas
graças? A resposta é única: Maria, medianeira universal. Mas precisamos
suplicá-la. Ela é a Mãe do Maior Sacerdote; Ela é a Mãe de todos os
Sacerdotes. Ela criou Jesus para o Sacrifício; Ela cria os Sacerdotes
para os conduzir ao Altar do supremo sacrifício com a idade plena de
Cristo (cf. Ef 4,13). Se precisamos tanto de Sacerdotes, recorramos a
Maria, multipliquemos nossas orações e não cansemos de insistir em obter
tamanha graça. Com a oração se obtém as vocações: "Rogai ao Senhor da
seara que envie operários para a sua messe". Com a oração à Maria
obteremos as vocações, pois Ela é poderosa medianeira de amor e
misericórdia, como disse Jesus. S. Maximiliano Maria Kolbe, louco de
amor pela Imaculada, em menos de vinte anos, com o seu amor e sua oração
incessante, obteve cerca de mil vocações por seu intermédio. Oh, Maria,
Mãe e Rainha dos Sacerdotes, dai-nos muitos e santos Sacerdotes!
Votos
- Participar à Santa Missa e fazer a Santa Comunhão com Maria.
- Oferecer a Santa Missa e a Comunhão a Maria, para a sua alegria.
- Fazer uma visita Eucarística a fim de reparar os ultrajes à Eucaristia.
A oração
As
duas últimas maiores aparições de Maria sobre a Terra foram em Lourdes e
em Fátima. Ambas nos trouxeram uma mensagem idêntica e forte: Oração e
Penitência. Maria vai logo ao essencial: antes de mais nada, a oração.
Ela pede, recomenda e insiste sempre sobre este ponto, seja em Lourdes
ou em Fátima. As coisas irão bem se se reza. O contrário procede. A
oração é o grande juiz dos nossos destinos. Se ela é ausente, tudo irá
mal. "Quem não reza certamente se condena", diz S. Afonso. E S. Ambrósio
afirma que se a vida do homem é uma batalha sobre a terra (cf. Jó 7,1),
a oração é o escudo invulnerável sem o qual seríamos atingidos
inexoravelmente.
A Virgem em oração
O
Papa Paulo VI, na Exortação Apostólica sobre o Culto da Beata Virgem
(n. 18), apresenta Maria como a Virgem em oração, escolhida de 3 páginas
marianas do Evangelho. Na visitação, Maria louva a Deus com o hino de
amor mais alto que tenha saído da alma de uma criatura humana: o
Magnificat! (cf. Lc 1, 46-56) Em Caná, Maria faz a oração de pedido com
cuidado materno e com fé sem hesitações, obtendo logo a graça temporal
para os esposos e a Graça espiritual para os discípulos de Jesus que
acreditaram Nele (cf. Jo 2,1-11) No cenáculo, Maria nutre com a oração
materna a Igreja nascente (cf. At 1,14) assim como também depois de sua
Assunção em alma e Corpo ao Céu, nunca deporá a sua missão de
intercessão e de salvação. É Ela mesma, Virgem em oração, que nos veio
pedir e recomendar a oração, seja em Lourdes ou em Fátima. Se A
ouvirmos, se fizermos o que nos diz, não teremos senão bênçãos sobre
bênçãos. Mas devemos examinar seriamente.
Rezar de manhã e a noite
Não
é verdade que existem cristãos que fazem apenas qualquer oração de
manhã e a noite? Alguns até tem medo de se esforçar e fazem só o
sinal-da-cruz. Outros, nem isso, mas levantam e deitam como animais. Se
pode ser cristão deste modo? Pode-se salvar a alma esquecendo a oração,
enquanto se tem tempo de olhar televisão, ler jornais e livros, ir ao
bar e ao campo de futebol? Maria nossa mãe, adverte-nos: "Rezai, rezai
muito". "Vigiai e rezai" (cf. Mc 14,38; I Pd 4,7) Por isso nunca deve
faltar ao menos a oração da manhã e da noite. Poucos minutos de oração
todas as manhãs e noites deveria ser um dever tão doce para todos os
cristãos. Assim era para o Beato Contado Ferrini, professor da
Universidade de Milão, que escrevia "Eu não sabia conceber uma vida sem
oração, acordar de manhã sem encontrar o sorriso de Deus, um reclinar a
cabeça no peito de Cristo".
Oração à mesa
Ao
meio-dia é tradição cristã o toque do Ângelus, devota chamada do
inefável mistério da Encarnação. Àquele sinal, o Anjo nos convida a
unir-nos a ele na oração à Celeste Virgem. E como respeitavam os santos
este breve intervalo de oração mariano com o Anjo. S. Pio X interrompia
até as audiências mais importantes. Beto Moscati suspendia por poucos
átimos a lição ou a visita médica. Pe Pio a recitava com quem se achasse
onde estava. O Papa Pio XII a recitava de joelhos. Por que não salvar e
fazer nossa esta maravilhosa oração mariana? Outro momento de oração
deve ser aquele das refeições, antes de começar a comer. O sinal-da-cruz
e a Ave-Maria são a bênção de Jesus e de Maria nas nossas mesas.
Aconteceu com S. João Bosco. Convidado para almoçar com uma família,
antes de sentar-se à mesa, perguntou a um dos filhos: "Agora façamos o
sinal-da-cruz antes de comer. Sabe por que o fazemos? Não - respondeu o
menino. Bem, digo em duas palavras - prosseguiu o santo - Fazemos para
nos distinguir dos animais que não o fazem porque não possuem a razão
para entender que o que comemos é um dom de Deus". Daquele em dia em
diante nunca mais faltou oração antes das refeições para aquela família.
Uma faísca, tantas faíscas
O
pensamento de Jesus é claro: o cristão deve se esforçar por rezar
continuamente, por ter constantemente oferecido a Deus todo a si mesmo e
tudo o que faz: "Rezar sempre, sem desfalecer"; "Vigiai e rezai para
não cair em tentação" (cf. Lc 18,1; Mc 14,38) Qual tentação? a tentação
de agir por egoísmo ou fazer obras por cálculo ou interesse e não por
amor a Deus e ao próximo. A oração é indispensável para que fiquemos
sempre no caminho que nos leva a Deus. Quando não é possível rezar
longamente, façamos uma oração rápida, semelhante às pequenas sementes
que ao longo do dia são semeadas na Terra das ações a fazer. É a oração
das breves jaculatórias, dos rápidos atos de amor das piedosas ofertas. O
Papa Paulo VI a chamava "oração faísca". S. Francisco de Assis, S.
Tomás de Aquino, S. Afonso, S. Bernadette, S. Gema Galgani... que uso
ardente e constante não faziam desta oração "faísca". As almas deles
talvez não estavam continuamente em faíscas? S. Maximiliano Maria Kolbe
recomendava muito esta oração faísca para crescer no amor à Imaculada.
Isso também vale para nós.
Votos
- Rezar sempre e bem de manhã e a noite;
- Fazer o sinal da cruz e rezar uma Ave-Maria à mesa;
- Empenha-te em recitar jaculatórias durante o dia.
24° DIA
A Penitência
Porque
somos pecadores e continuamos a pecar, por isso é necessária a
reparação para pagar as culpas. É Justiça: repara-se o mal feito. "Todo
pecado, grande ou pequeno, não pode ficar impune; ou é punido pelo homem
que faz Penitência ou no último Juízo pelo Senhor". (S. Agostinho).
Podemos aqui lembrar alguns grandes pecadores convertidos e que ficaram
santos: S. Maria Madalena, S. Agostinho, S. Margarida de Cortona, S.
Inácio de Loyola, S. Camilo de Lélis... Eles nos demonstraram que com a
Penitência repara-se e recupera-se tudo, até a santidade mais alta e dão
razão a S. Cipriano que exclama: "Ó penitência! Tudo o que estava
amarrado, o desamarraste, o que estava fechado, o abriste". A penitência
livra das correntes das dívidas contraías pelos pecados e abre as arcas
das graças mais eleitas.
Penitência e Amor.
Quando
S. Domingos Sávio estava gravemente doente, foi um dia submetido a uma
sangria. Antes de iniciar, o médico disse-lhe: "Olha para o outro lado,
Domingos, assim não verás escorrer o teu Sangue". "Ah, não - respondeu -
furaram as mãos e os pés de Jesus com grandes pregos sobre a Cruz e Ele
não disse nada..." Domingos sofreu sem um gemido os dez pequenos cortes
que lhe fizeram. Eis a lei do amor: quando se ama de verdade uma
pessoa, se quer com ela condividir todos os sofrimentos. Não se pode
renunciar! Quem ama Jesus e conhece sua vida de humildade e sacrifício,
culminada na cruel Crucificação e Morte, não pode deixar de desejar a
participação em toda aquela dor desejada pelo amor. A intensidade desta
participação às vezes manifestou-se até de modo prodigioso e sangrento.
Pensemos em S. Francisco de Assis, S. Verônica Giuliani, S. Gema
Galgani, Pe. Pio... Mas em todos os santos a Penitência mais dolorosa
foi uma exigência do amor. Eles chegavam ao ponto de não desejar nada
além de sofrer. Recordemos alguns exemplos: S. Francisco Xavier, embora
oprimido por dores muito fortes, rezava com transporte, dizendo: "Ainda,
Senhor, ainda mais." E à ilha onde sofreu as mais graves tribulações,
quis pôr o nome de Ilha das Consolações. S. Teresa de Jesus também é
célebre pelo seu grito: "Ou sofrer ou morrer". S. João da Cruz a Jesus
que lhe perguntava o que queria, respondeu: "Sofrer e ser desprezado por
Ti". S. Gabriel de Nossa Senhora das Dores dizia que o seu Paraíso eram
as dores de Maria. S. Maximiliano chamava "balinhas de caramelo" as
cruzes e as tribulações. Pe. Pio dizia que suas tremendas dores eram "as
alegriazinhas do esposo". Assim raciocina quem ama.
Fazer o próprio dever.
A
primeira e mais importante Penitência do cristão é aquela de cumprir
fielmente e perfeitamente os próprios deveres cotidianos. Fazer outras
penitências omitindo estas significa fazer o secundário, ignorando o
principal. Em 1º lugar, lembremo-nos bem: 1º o cumprimento dos deveres.
Se é assim a substância da nossa vida de penitência é segura. S. José
Cafasso conduzia uma vida de Penitência escondida aos olhos dos demais.
Dos depoimentos do processo de beatificação, sabemos que a mulher que
lavava a roupa manchada de sangue, tinha-se dado conta disso. "Por que
as camisas estão sempre sujas de sangue? - perguntou - O senhor tem
algum ferimento?" O santo quis ficar calado, mas respondeu bruscamente:
"Vós sois como uma mãe, por isso, vos direi tudo, mas não o deveis
contar a ninguém. Deveis saber que nós, padres, usamos uma cintura com
pontas chamado cilício. Eis porque achais as manchas." "Mas deve doer
muito, meu pobre filho"! Exclamou a mulher. "Sim, dói, mas precisamos
descontar nossos pecados, não?" "O que está dizendo? - retrucou - Se o
senhor precisa fazer penitência, o que devemos fazer?" "Vós trabalhais
duro - respondeu o santo - e trabalhar o dia todo já é uma bela
penitência".
Penitência pelos pecadores
O
lamento de Nossa Senhora de Fátima deveria nos comover: "Muitas almas
vão para o Inferno porque não tem quem se sacrifique por elas." Jacinta,
a florzinha de Maria, foi a quem maiormente tocaram aquelas palavras da
Bela Senhora. Ela quis ser vítima inocente e sofrer pelos pecadores foi
sua paixão dolorosa até a morte. Atingida pela gripe espanhola e por
uma pneumonia purulenta, com infecção progressiva, transportada ao
Hospital, longe de casa, submetida a uma operação para a remoção de suas
costelas, sem anestesia. Pobre menina! Mas foi heroicamente corajosa e
não perdeu nenhuma ocasião de sacrifício pelos pecadores: cama, dores
ardentes... O seu Celeste conforto era a assistência materna de Nossa
Senhora. Morreu consumada pela febre e pelas dores, sozinha sobre o
Coração da Imaculada, vinda do céu para apanhar a inocente vítima pelos
pecadores. Que exemplo de heróica penitência.
Votos
- Meditar a paixão e morte de Jesus (Mt 26 e 27);
- Oferecer todos os sacrifícios a Nossa Senhora das Dores;
- Recitar os mistérios dolorosos do Rosário
25° DIA
A Paciência
Estamos
todos de acordo: Não existe virtude prática que seja tão necessária na
vida cristã como a paciência. Não há dúvidas. Esta virtude faz com que a
alma suporte tranquilamente os incômodos e os sofrimentos da vida Quem
não tem problemas e tribulações na vida? Quem pode fugir dos incômodos?
Quem pode fugir ao peso cotidiano de provas e contrastes? Por isso "é
necessário a paciência para cumprir a vontade de Deus e conseguir os
bens da promessa". (Hb 10,36). Paciência em casa e fora dela; no
trabalho e no colégio; com patrões e empregados... Quantas ocasiões
todos os dias. Devemos suplicar a Maria de conceder-nos esta virtude
para podermos imitá-la, sempre doce, forte e serena em meio às provas e
às maiores fadigas. Em Belém, à procura de um lugar entre as angústias,
no Egito aonde chegou com Jesus menino, e S. José, fugitivos entre gente
desconhecida; nos três dias da busca de Jesus no Templo, com aquela
amargura no coração, na separação de Jesus ao início da sua vida publica
com as precisões dos choques inevitáveis com os fariseus, nas
sequências dilaceradas do Calvário ao pés da Cruz de seu Jesus adorado. A
paciência de Maria! Veremos no Paraíso como a sua paciência superou a
paciência de todos os homens juntos.
Mostrou-lhe o Crucifixo
"Uma
resposta doce acalma e raiva; o fogo não se apaga com o fogo, nem o
furor se acalma com o furor." - S. João Crisóstomo. Um dia S. Luzia de
Marillac apresentou uma bebida a um turco enfermo internado no Hospital.
Este reage violentamente ao gesto de caridade, jogando o copo na cara
da freira. Sem abrir a boca, a Santa retirou-se; logo volta com outra
bebida e a mesma atitude do enfermo. A freira não diz nada e vai; volta
outra vez e se aproxima do enfermo e lhe dirige a palavra bondosamente a
ponto do doente olhá-la e dizer: "Vós sois uma criatura da Terra? Quem
vos ensinou a tratar assim aquele que te ofende?" Sem responder, a Santa
mostrou-lhe o Crucifixo que trazia no peito. O mesmo aconteceu com S.
Maria Bertila, no Hospital de Treviso. Um dia um enfermo histérico lhe
jogou o ovo que ela lhe tinha levado. A Santa não se perturbou. Foi
trocar o avental voltou com uma taça de caldo: "Ficarás bem com este
caldo", sorrindo, disse-lhe. O que não temos a aprender nós com estes
atos, nós que prontamente perdemos a paciência por bobagens.
Os caroços das cerejas
Jesus
disse que com a paciência salvaríamos nossas almas (cf. Lc 21,19) E
mais, com a paciência se conquistam e salvam até as almas dos outros,
porque o homem paciente vale mais do que o homem forte e quem domina o
caráter vale mais do que "um conquistador de cidades" (Pr 16,32). S.
José Cafasso era o Capelão dos condenados à morte. Por isso podia entrar
nas celas e ficar no meio deles. Parecia um anjo de serenidade e de
paciência naquele ambiente fedorento e repugnante. Levava-lhes sempre
alguma coisa de presente. Um dia foi um cesto com cerejas. Logo após, os
encarcerados divertiam-se em atirar-lhes os caroços. "Deixai-os. É a
única distração que eles têm". Disse o santo. Com esta doce paciência
ele podia penetrar nos corações deles e prepará-los para enfrentar a
morte beijando o Crucifixo e invocando Maria.
Esposas e Mães pacientes
Muitas
vezes é, sobretudo, em casa que precisamos exercitar-nos na paciência.
S. Paulo recomendava aos Efésios de "comportarem-se com toda a
humildade, mansidão e paciência, suportando-vos com amor" (Ef 4,2).
Quantas brigas e problemas se poderiam evitar com poucos grãos de
paciência e de silêncio. Quando as amigas perguntaram a S. Mônica como
fazia para viver em paz com um marido tão insensível e violento,
respondia: "Tenho um freio em minha língua". Quem não se lembra de como
S. Rita chegou a converter o marido vulgar e brutal? Sofrendo em
silêncio: "com muita paciência nas tribulações, nas necessidades, nas
angústias" (2 Cor 6,4). Grande também foi a paciência da ditosa Anna
Maria Taigi, mãe de 7 filhos. Cada dia eram provas que a pobrezinha
devia enfrentar pelas estranhezas do marido pouco gentil, pelos
problemas dos filhos que precisavam de uma boa formação, pelas
contrariedades e incômodos que acontecem inevitavelmente em cada
família. Um dia quebraram-lhe um magnífico vaso de cerâmica que era uma
preciosa e cara recordação de família. A Santa olhou os cacos e disse
serenamente: "Paciência! Se o soubessem os negociantes de cerâmicas
ficariam contentes. Precisam viver também, não? "Esta paciência é um dos
frutos mais preciosos do Espírito Santo (cf. Gl 5,22).
Olhemos para Ela
O
primeiro dote da caridade é a paciência! (cf. I Cor 13,4). A maior
caridade traz consigo a maior paciência. Por isso Maria, Mãe do Amor, é
exemplar perfeitíssimo e fonte da nossa paciência. Ela viveu com a alma
transpassada por uma espada (cf. Lc 2,35) Olhemos este fato e aprendamos
saber aceitar com paciência heróica até um punhal enfiado no coração.
Ela foi a Virgem oferente não só no Templo, mas também, e, sobretudo, no
Calvário (Marialis Cultus, n.20). Apeguemo-nos a Ela para atingirmos a
energia do amor paciente e oferente nas tribulações da vida e da morte.
Votos
- Tratar gentilmente e sorrir para quem te maltrata
- Oferecer cada pequeno espinho do dia a Maria
- Meditar sobre as dores de Maria.
26° DIA
A Obediência
A
obediência é a virtude que nos leva a submeter a nossa vontade à de
Deus e dos Superiores que representam Deus. A 1ª obediência devemos a
Deus, nosso Pai e Criador. "Do Senhor é a terra e tudo quanto contém"
(Sl 23,1) Se somos suas criaturas e seus filhos, devemos a Ele toda a
obediência criaturial e filial. "Todas as criaturas Te servem" (cf. Sl
118,91). A obediência a Jesus é ligada à Redenção. Ele nos resgatou com o
seu Sangue; por isso lhe pertencemos, somos seus e devemos obedecer aos
seus divinos desejos: "Não sois mais vossos, porque fostes comprados a
caro preço" (cf. I Cor 6,20) A obediência aos superiores é ligada ao
fato que eles são representantes de Deus. Sabemos bem que Deus não nos
governa diretamente, mas através dos seus delegados que Ele faz
partícipes da sua autoridade. "Não existe autoridade que não venha de
Deus" (Rm 13,2). Por isso a desobediência aos superiores é sempre uma
desobediência à autoridade de Deus: "Quem resiste à autoridade, resiste
ao ordenamento feito por Deus. E aqueles que resistem procuram por si
mesmos a danação". (Rm 13,1). Jesus usa uma expressão ainda mais forte e
até mais precisa: a obediência aos superiores coloca-nos em relação
direta com Ele: "Quem vos escuta, escuta a Mim e quem vos despreza, a
Mim despreza". (cf. Lc 10,16) As obediências que operaram milagres e as
desobediências que os impediram, confirmam as palavras de Jesus. Quando
S. José Cotolengo soube que tinha um grande número de freiras doentes e
que não sabia como fazer para o serviço da Pequena Casa, deu ordens
precisas que as freiras se levantassem para o serviço da Casa. As Irmãs
levantaram- se e acharam-se curadas. Uma só não quis levantar por temor e
não se curou, e acabou fora do Instituto. Quando S. Francisco de Assis e
S. Teresa d'Ávila recebiam nos êxtases qualquer comunicação, estavam
prontos para renunciar tudo se o Superior decidisse de modo contrário,
porque na Palavra do Superior existe a presença de Deus sem engano,
enquanto na visão ou na locução existe sempre uma margem de incerteza.
Superiores... levados
É
claro que os superiores devem exercitar a autoridade só como delegados
de Deus e nunca devem mandar o que seja contra a lei de Deus: não podem
ser delegados de Deus quando mandassem o pecado ou não o impedissem
(mentir, roubar, abortar, blasfemar...). Nestes casos eles são delegados
de Satanás e não podem e não devem ser obedecidos. Nos outros casos,
precisamos obedecer mesmo quando isso nos pesa ou repugna. Mesmo que
aquele que nos manda for odioso ou faccioso: "Servos, obedecei aos
Vossos patrões, embora turbulentos." (I Pd 2,18). Na vida de S.
Gertrudes lê-se que por um certo período teve uma superiora de humores
muito difíceis. A Santa rogou ao Senhor para que a fizesse substituir
por outra mais equilibrada. Mas Jesus respondeu-lhe: "Não, porque os
seus defeitos a obrigam a humilhar-se todos os dias diante de mim, de
outro lado, tua obediência nunca foi tão sobrenatural como neste tempo".
Um mistério de fé
É
claro que a alma da obediência é a fé sobrenatural. S. Maximiliano
dizia que a obediência é um mistério de fé. Somente quem sabe ver no
Superior o representante de Deus sabe obedecer e abraçar a vontade de
Deus, mesmo quando custa, sobretudo QUANDO custa, porque a verdadeira
obediência é aquela que se exercita no sacrifício: Jesus mesmo!
"Aprendeu dos sofrimentos a obediência" (cf. Hb 5,8) Quantas vezes nos
custa obedecer em silêncio às coisas dolorosas... Durante a Paixão,
Jesus ao invés de se defender, calou-se (cf. Mt 2,63). S. Domingos
Sávio, rapaz eficiente e estudante aplicado, foi falsamente acusado
diante do mestre de uma travessura feia. O mestre, muito surpreso, foi
obrigado a chamá-lo severamente a atenção. Ele não se irou. Quando o
mestre descobriu a verdade, chamou-o e perguntou porque não tinha dito a
verdade. "Por dois motivos: Por que se tivesse dito quem era o culpado,
ele teria sido expulso da escola, já que não era a 1ª vez que estava em
delito, enquanto que para mim era a 1ª vez. 2º por que até Jesus
calou-se quando acusado injustamente no Sinédrio". Quem não se lembra do
último episódio ocorrido a S. Geraldo Majela? Caluniado infamemente,
foi castigado severamente por S. Afonso. Suspenderam-lhe a Comunhão,
transferiu-0 e trataram-no como um pecador. Ele calava-se e obedecia.
Quando a verdade veio à tona, S. Afonso pôde dizer que este episódio
bastava para garantir a santidade extraordinária de S. Geraldo. A
obediência crucificou Jesus, que "foi obediente até a morte" (cf. Fl
2,8) Ele calava e rezava. A obediência crucificou os santos e eles
também se calavam e rezavam como Jesus.
A Virgem obediente
Maria
nos deu o exemplo inimitável de Jesus até no obedecer. As primeiras
páginas do Evangelho de S. Lucas abrem-se com o "Fiat" de Maria ao Anjo
Gabriel (cf. Lc 1,38). Ela obedeceu humildemente ao enviado, ao
representante de Deus, aceitando coisas humanamente inconcebíveis - como
a Concepção Virginal do Verbo, Filho de Deus e a Maternidade divina - e
as coisas dolorosas até a pior tragédia de uma mãe: oferecer o próprio
filho ao assassino. Maria foi obediente à ordem de Augusto para o
recenseamento, à lei da Apresentação e Purificação; obedeceu ao fugir
para o Egito, obedeceu ao voltar do Egito para Nazaré. Encontramos no
Calvário Maria obediente onde se cumpriu propriamente: "espada que lhe
transpassou a alma" (Lc 2,35, Lc 5,1-15, 21-24,Mt 2,13-15, 19-23). A
obediência à vontade, sem reservas: "Faço sempre o que é do seu agrado".
(Jo 8,29) Esta é a atitude do verdadeiro obediente, garantido pela
obediência dolorosa, amada como aquela jubilosa até entre os sofrimentos
naturais: "não a minha, mas a tua vontade se faça". (Lc 22,12).
Caçadores fora
Quando
S. José Calasanz foi caluniado e perseguido pelos seus discípulos,
quando velho e enfermo foi preso e levado aos tribunais e perto da morte
foi expulso da Congregação e viu a Congregação devastada por ordem do
próprio Vigário de Cristo. Ele curvou a cabeça e aceitou esta corrente
de sofrimentos, murmurando: "Agora e sempre seja bendita a Santíssima
vontade de Deus". Quando S. Afonso Maria de Ligório, aos 80 anos, foi
caluniado por um dos seus filhos, foi expulso da Congregação pelo
próprio Papa, (ele, o grande, apaixonado, o enamorado defensor do Papa)
superou o sofrimento mortal gritando a si mesmo, com a testa no chão,
aos pés do altar: "O Papa tem razão! Sim, Ele tem razão!" Esta é a
obediência que crucifica como crucificou Jesus à Cruz. O Santo é aquele
que se deixa crucificar. Nós, quantas desculpas e compromissos, fugas
para evitar qualquer peso e aborrecimento que a obediência possa trazer.
Mas se assim fizermos, é impossível amar, porque "se me amais - diz
Jesus - observais as minhas ordens". (Jo 14, 15) embora dolorosas.
Votos
- Meditar a Paixão e Morte de Jesus
- Oferecer o dia pelos Superiores
- Pedir a Maria a virtude heróica da obediência.
A Humildade
"Patife!
- gritou o demônio a Cura d'Ars, batendo-o contra a parede do quarto -
Já me roubastes 80 mil almas este ano! Se existissem 4 sacerdotes como
tu, estaria logo acabado o meu reino no mundo." Santo Cura d'Ars era,
talvez, o sacerdote menos dotado e mais desprevenindo da França. Entrou
no seminário por uma Graça especial de Nossa Senhora: sabia recitar bem o
Rosário. Manteve-se sempre na sua humildade, ciente de ser um inepto.
Pensou em rezar e fazer penitência com todas as suas forças. O resto o
fez Deus. Foram coisas incríveis que mortificaram o Inferno inteiro,
impotente de frente a este sacerdote humilde. É a verdade da Palavra de
Deus: "Quem se exalta será humilhado; quem se humilha será exaltado".
(Lc 14,11) E ainda: "Deus resiste aos soberbos e dá sua Graça aos
humildes." (I Pd 5,5) Se pensarmos na grandeza de Nossa Senhora, podemos
compreender qual imensidade de humildade devia estar nela: "Exaltada
sobre os corações dos Anjos".
A
humildade de Maria tem o seu bilhete de apresentação nas primeiras
páginas do Evangelho: "Eis aqui a serva do Senhor". Manifesta-se na
Visitação a S. Isabel que lhe grita justamente: "A que devo a honra que
venha a mim a Mãe do meu Senhor?" Brilha no nascimento de Jesus em uma
pobre gruta, porque não tinha lugar para eles na hospedaria (cf. Lc
1,38; 43;2,7). Confunde-se ao profundo silêncio e escondimento nos 30
anos de Nazaré; arde no próprio opróbrio e na ignomínia sobre o Calvário
onde Maria está presente como Mãe do Condenado. A humildade de Maria
não é nem mais nem menos proporcional à sua excelente realeza. Suprema a
exaltação porque foi suprema humilhação. A esta escola devemos ir para
aprender a humildade.
A vontade de aparecer
Quem
mais do que Nossa Senhora teria motivos para aparecer? Mas ela é
misteriosamente silenciosa e escondida em todo o Evangelho. Nós, cheios
de bobagens e ricos de misérias, que vontade de aparecer nos queima.
Vermos sacrificados, humilhados e valorizados os nossos talentos, ou ser
colocados a parte ou nos poder afirmar... Que tortura e quantos
ressentimentos. Mas para sermos humildes, devemos reprimir sem piedade
os secretos impulsos e as venenosas satisfações do orgulho. Assim faziam
os santos. Quem não se lembra de S. Antônio de Pádua, mandado como
cozinheiro num convento dos Apeninos? Foi pra lá humilde e manso como
sempre. E tinha uma sapiência prodigiosa, tornando-se Dr. da Igreja.
Quando S. Vicente de Paulo se sentia louvar, punha em evidência os
próprios defeitos e as suas humildes origens. Dizia ser filho de um
pobre camponês, ignorante e incapaz. Se acontecia alguma desordem,
atribuía-se sempre a culpa. O mesmo para S. Pio X; quando era louvado
pelos seus inspirados discursos, transformava tudo em brincadeira,
respondendo: "Bobagens... Coisas copiadas não valem!" Qualquer milagre
operado por suas mãos, impunha silêncio, dizendo: "É por ordem das Sumas
Chaves, eu não tenho nada com isso. É a bênção do Papa. É a fé de quem
pede a Graça". S. Gema Galgani soube industriar-se para achar o modo de
se humilhar e ser humilhada. Sabido que tinha chegado um couto prelado
para interrogar sobre os fenômenos extraordinários que lhe aconteciam,
pegou um gato, colocou-o sobre os joelhos e brincava com ele, ignorando
as perguntas do prelado. Pouco tempo depois ele foi embora convencido
que ela era uma demente. É o modo dos santos: anular-se para fazer
resplandecer a grandeza de Deus que opera. "Escolheu o nada para reduzir
a nada as coisas que são para que nenhum homem possa gloriar-se junto a
Deus" (I Cor 1,28-29).
Uma coisa não sei fazer
A
humildade esmaga o demônio. A humilíssima Virgem esmaga a cabeça do
diabo, aquele que queria ser semelhante ao Altíssimo (cf. Is 14,14) está
com a cabeça sob os pés d'Aquela que quer ser somente 'Serva do Senhor'
(cf. Lc 1,38) E quem for humilde participa do poder da Imaculada de
esmagar a cabeça do demônio. S. Macário foi um dos grandes padres do
deserto. Teve que lutar muito contra o demônio. Um dia o viu chegar com
uma forca de fogo na mão. S. Macário ajoelhou-se e humilhou-se junto ao
Senhor e a forca caiu da mão do demônio, que exclamou com ódio: "Escuta,
Macário: tu tens boas qualidades, mas eu tenho mais; tu comes e dormes
pouco, mas eu nunca os faço; tu fazes milagres e eu também faço
prodígios; mas uma coisa tu sabes fazer e eu não: Sabes humilhar-te!"
Por isto a humildade é uma força infalível contra Satanás. Por isto S.
Francisco de Assis ocupa a cadeira de Lúcifer, segundo a visão de Frei
Leão. De fato, a quem lhe perguntou o que pensasse de si, S. Francisco
respondeu de sentir-se o ser mais repelente da Terra, um verme nojento.
Disse ainda que as graças que Deus lhe doou, qualquer um teria dado mais
frutos. Esta é a essência da humildade: reconhecer que exclusivamente
nós temos somente o pecado. Todo o resto, tudo o que é bom, é de Deus. E
cada mínima coisa boa que conseguimos fazer para a vida eterna, nos é
possível só pela Graça de Deus (cf. I Cor 4,7; 12,3; II Cor 3,5). Pe Pio
disse: "Se Deus nos retirar o que nos deu, nós ficaremos somente com os
nossos farrapos".
A humildade é sabedoria
S.
Ambrósio dizia que a humildade é o trono da sabedoria. Bem, a Maria
devemos pedir esta sabedoria. E queira Ela que nós tenhamos, porque as
outras virtudes - diz S. Agostinho - batem à porta do coração de Deus: a
humildade abre! Inspiremo-nos nos três episódios evangélicos mais
expressivos sobre a humildade. Depois da pesca milagrosa, S. Pedro é
transformado pelo prodígio operado por Jesus e não pode controlar-se em
prostrar-se e dizer: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem
pecador". "Tu serás pescador de homens!" (cf. Lc 5,8-10). Um pobre
publicano está no fundo do Templo e não ousa nem levantar o olhar, mas
geme humildemente: "Deus, tem piedade de mim, pecador". Jesus nos
assegura que ele saiu do Templo purificado, diferente do Fariseu
orgulhoso (cf. Lc 18 9-14). No Calvário, o bom ladrão confia-se
humildemente ao Inocente: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no
Teu Reino". E foi impotentemente investido por uma graça que o dispõe em
brevíssimo tempo para poder entrar no Reino dos Céus (cf. Lc 23,43).
Somos quase tentados a dizer que até Jesus é débil em frente à
humildade. Essa é de verdade uma chave que abre o Coração de Deus. A
humilíssima Virgem Maria queira dar-nos esta "chave" do coração de Deus.
Votos
- Ler e meditar os 3 episódios de humildades evangélicos citados no texto;
- Fazer qualquer ato de humildade para reparar tantos pecados de orgulho;
- Pedir a Maria insistentemente esta virtude.
28° DIA
A Pureza
A
pureza é a virtude mais límpida de Nossa Senhora. O esplendor da sua
Virgindade sempre intacta faz d'Ela a criatura mais radiosa que se possa
imaginar: a Virgem mais Celestial, toda "candor de luz eterna" (Sb
7,26). O dogma de fé na Virgindade Perpétua de Maria Santíssima, o
dogma de fé na Concepção Virginal de Jesus por obra do Espírito Santo, o
Dogma de fé na Maternidade Virginal de Maria: esses 3 dogmas investem a
Imaculada de um esplendor virginal que "os céus dos céus não podem conter". (I
Re 8,27) E através dos séculos, na Igreja, à ditosa Virgem, se
inspiraram as filas angélicas das virgens que começaram já desta terra a
viver só de Jesus para seguir o Cordeiro no tempo e na eternidade (cf.
Ap 14,4). E se existiram ou existem dementes que querem jogar as sombras
das baixezas deles sobre uma verdade de fé tão resplendente como a
Virgindade de Maria, além de S. Jerônimo (que desbaratou os heréticos
Elvídio e Joviniano) e S. Ambrósio (que escreveu páginas de encanto
supremo sobre a Virgindade) toda a Igreja no seu caminho milenar
celebrou e glorificou em Maria, a Toda Virgem, a Sempre Virgem na alma e
no corpo, a Virgem Santa consagrada divinamente pela presença do Verbo
de Deus que n'Ela se encarnou , revestindo-se da mesma Virgindade da
Mãe.
A ira de Deus
Se
volvermos o olhar para a humanidade, a visão de sonho e de encanto
sobre a Virgindade Imaculada de Maria desaparece de modo súbito e
brutal. Impureza, luxúria, sensualidade, adultério, pornografia,
homossexualidade, nudismo, espetáculos imundos, bailes obscenos,
relações pré-matrimoniais, contracepção, divórcio, aborto... Eis o
espetáculo nauseabundo que a humanidade oferece aos olhos de todos.
Santo Céu! Quantos abismos de torpezas nesta pobre Terra. Pode-se
continuar assim sem provocar a ira de Deus? (cf. Ef 5,6). Maria disse
pela pequena e inocente Jacinta (ignorante do verdadeiro significado
daquilo que dizia) que os pecados que mais mandam almas ao Inferno são os pecados impuros.
Quem poderia desmentir esta afirmação observando o teatro das vergonhas
que o mundo mostra todos os dias? É verdade que o pecado impuro não é o
pior nem o mais grave dos pecados. Mas é o mais frequente e o mais
nojento. Isto sem dúvida. Nós conhecemos o valor da pureza proclamada
por Jesus: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus." (cf.
Mt 5,8); conhecemos os dois mandamentos de Deus que nos resguardam da
impureza: 6º e 9º; conhecemos até a recomendação mais que enérgica de S.
Paulo aos cristãos: "A fornicação e a impureza de toda espécie, não
sejam nem nomeadas entre vós, mas o mesmo valha para as vulgaridades e
os discursos triviais: todas coisas indecentes." (Ef 5,3-4) Conhecemos o ensinamento nobre do Catecismo da Igreja: "O
6º mandamento nos ordena de ser santos no corpo, portanto, o máximo
respeito à própria pessoa e ao próximo, como obras de Deus e templo onde
Ele mora com a sua presença e com a sua Graça";conhecemos as firmes
chamadas da Igreja com recentes documentos de primordial importância
(Humanae Vitae). Conhecemos todas estas iluminosas indicações para
abater as seduções do mundo e da carne, mas a humanidade e até a
cristandade não faz mais que escorregar continuamente para formas de
costumes sempre mais degradantes, como homem animal que não mais
compreende o que é espiritual, a favor do mais cego e obtuso ateísmo:
quem entra na lúxuria, diz S. Ambrósio, abandona a via da fé! (cf. I Cor
2,14).
Quais são os remédios
A fuga das ocasiões, a oração e os sacramentos.
Todo pecado impuro - de ação, desejo, olhar, pensamento, leitura - é
pecado mortal. Precisamos nos defender com todas as forças, até à
violência, caso precise, porque aquilo a que aspira a carne é morte, mas
aquilo a que tende o espírito de vida é paz, porque desejo da carne é
inimizade com Deus (cf. Rm 8,-7). Lembremos S. Bento e S. Francisco que
se jogaram entre os espinhos para apagar a conscupiscência que atrai e
alicia (cf. Tg 1,14). Lembremos S. Tomás de Aquino que se serve de um
tição ardente para desvendar uma insídia perigosa. Recordemos S. Maria
Goretti que se deixa esfaquear por 14 vezes para salvar sua virgindade.
As ocasiões mais comuns de pecado, porém, exigem, sobretudo, a
mortificação dos olhos (evitar cinemas, leituras sujas), da língua
(evitar as conversas torpes e os discursos licenciosos), dos ouvidos
(não escutar canções e piadas vulgares), da vaidade (opor-se às modas
indecentes). De tudo isto parece evidente que a vida do homem na terra é
uma batalha (cf. Jo 71) e que é necessária a contínua vigilância com a
ajuda de Deus (oração e sacramentos) para não se deixar dominar pela
concupiscência (cf. I Ts 4,5). É humilhante, mas é esta a nossa real
condição: carne e espírito estão sempre em luta cerrada entre eles: "Nos meus membros existe outra lei, que move guerra à minha alma e me torna escravo da lei do pecado que está nos meus membros" (Rm
7,23) S. Domingos Sávio, que rasgava as revistinhas que recebia dos
companheiros; S. Luiz Gonzaga, que em público, chama a atenção de quem
fala despudoradamente e se impõe penitências terríveis; S. Carlos
Borromeu que desde menino se avizinhava amiúde aos Sacramentos; S.
Afonso Maria de Ligório tirava os óculos quando o papai o levava ao
teatro... São exemplos que deveriam nos convencer a usar todos os modos
para guardar a pureza do coração e dos sentidos.
Castidade conjugal
Os problemas morais mais sérios são aqueles que se referem os esposos. A castidade conjugal é um dever de todos os esposos cristãos, e é um dever fecundo de graças e bênçãos.
Mas os assaltos do malígno são maciços: contracepção e onanismo,
divórcio e abortos estão massacrando os cônjuges cristãos, sem dizer das
relações pré-matrimoniais, que são somente uma imunda profanação dos
corpos e das almas daqueles noivos, escravos miseráveis da carnalidade.
Desejam ter só 2 filhos; usam das pílulas e outros meios para evitarem
gravidezes posteriores, profanando por anos e anos as relações
matrimoniais que deveriam simbolizar a união entre Cristo e a Igreja
(cf. Ef 5, 25) . "A pílula anticoncepcional vem do Inferno, dizia Pe. Pio, e quem usa comete pecado mortal". E ainda: "Para todo bom casamento o número dos filhos é estabelecido por Deus e não pela vontade dos esposos", e ainda: "Quem está na estrada do divórcio, está na estrada do Inferno". Pior ainda para quem cometer o crime do aborto!!! Que
abram bem os olhos os esposos cristãos! Profanar o sacramento do
matrimônio nunca acontecerá sem castigos e maldições sobre as famílias.
Se lembrem bem que com Deus não se brinca! (cf. Gl 6,7).
Votos
- Recitar 3 Aves-Marias em honra da virgindade de Maria;
- Eliminar e destruir qualquer coisa de não modesto que tenha consigo;
- Mortificar bem os sentidos, especialmente a vista.
29° DIA
A Caridade
A
Caridade é a Rainha das virtudes. A Caridade é a perfeição do homem. A
Caridade é a plenitude da vida cristã. Por quê? Porque Deus é Caridade e
quem está na Caridade está em Deus e Deus nele (cf. I Jo 4,16). Mas o
que ela é? É o amor total de Deus e do próximo. Não amor humano carnal,
mas amor Divino, feito de Graça, que vem do Espírito Santo de Amor. É o
amor de Deus difundido nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos
foi dado (cf. Rm 5,5). É penoso, por isso, é ilusão pensar de amar a
Deus ou ao próximo quando se está em pecado mortal na alma. Igualmente é
penoso iludir-se de amar verdadeiramente sem que o impulso do amor
venha originalmente do Espírito Santo no coração. Quantas aparências de
Caridade fazemos, consciente e inconscientemente. Isso diz S. Paulo com
palavras que deveriam voltar a si quem quer que seja sem pose de
disponibilidade, de abertura aos outros, de viver para os outros, e não
olhe se tudo é feito com a Graça de Deus na alma e se venha da
consciente e amorosa união com o Espírito Santo no próprio coração. Se
não, mais ainda do que de bem vagas disponibilidades e aberturas aos
outros, S. Paulo fala muito concretamente de distribuir todos os bens
aos pobres e de dar até o próprio corpo para ser queimado pelos outros,
para concluir que tudo isto de nada serve se não procede do amor de Deus
no coração (cf. I Cor 13,3). A substância principal da caridade, então,
é a Graça de Deus na alma, é o amor de Deus no coração e nas intenções.
Sem isto, se fala de caridade batendo no ar (cf. I Cor 9,26).
O amor de Jesus empurra
Quando
existe o amor de Deus no coração a Caridade pelo próximo é elevada até
ao heroísmo mais puro. S. Francisco de Assis, que não só não fugiu, mas
aproximou-se e beijou o leproso; S. Isabel de Hungria que pôs na própria
cama um leproso abandonado na rua; os missionários que enfrentam riscos
e dores mortais pelos infiéis; S. Tereza que se flagelava 3 vezes por
semana e Jacinta que batia as urtigas nas pernas pelos pecadores; e
tantos outros santos... Quais heroísmos de caridade material e
espiritual não fizeram pelos irmãos empurrados pelo amor de Jesus?
Valiam de verdade para eles as palavras de S. Paulo: "O Amor de Cristo
nos impele" (cf. II Cor 5,14). Não um amor comum, entende-se, mas um
amor de fogo devorador (cf. Dt 9,3) que os levava à perda de si no Amado
para ter um só coração e um só querer, prontos para amar sem medidas,
até à morte. Assim, só assim se explica todo amor sobre humano dos
santos. Quando o S. Cura d'Ars converteu a mulher de um rico hebreu,
este chegou todo furioso em Ars. Apresenta-se ao Santo e diz-lhe
brutalmente: "Pela paz que destruístes na minha casa eu vim arrancar um
olho teu." "Qual dos dois?" Desconcertado, o hebreu respondeu: "O
direito!" "Bem, ficará o esquerdo para vos olhar e amar". "E se eu
arrancar os dois?" "Ficará meu coração para vos olhar e amar".
Transformado, o hebreu caiu de joelhos e chorou, convertido. Eis a
potência do amor de Jesus.
Não mais eu, mas Jesus
A
Caridade fraterna mais alta e perfeita é aquela que nos faz amar o
próximo com o mesmo coração de Jesus. "Tendes em vós os mesmos
sentimentos de Cristo" (cf. Fp 2,5): É este o mandamento novo e sublime
de Jesus: "Amai-vos como eu vos amei, porque disto reconhecerão que sois
meus discípulos, se vos amar uns aos outros" (cf. Jo 13,35). A medida
da perfeição do amor é dada pela identificação de amor com Jesus. A
caridade mais alta, então, a tem só o Santo, porque só o ser
transfigurado em Jesus pela potência do amor e da dor, só através da
morte mística do eu chega-se à identificação de amor com Jesus que faz
dizer S. Paulo: "Não sou mais quem vive, é Cristo quem vive em mim" (Gl
2,20). O Santo é aquele que ama loucamente Jesus e como Jesus. Ele sabe
encontrá-lO, vê-lO, abraçá-lO, onde quer que Jesus esteja: na
Eucaristia, no Evangelho, no Papa, nos pobres e enfermos, miseráveis e
rejeitados, com os quais Jesus se identificou (cf. Mt 25,31-45). Ama
loucamente como Jesus e por isso sabe vender de si mesmo no mercado dos
escravos em substituição de outros, como S. Paulino e S. Vicente de
Paulo; expõe-se ao contágio de doenças como S. Luiz Gonzaga; enfrenta
riscos e trabalhos incomensuráveis para ajudar os irmãos, como S. João
Bosco pelos jovens e S. Francisca Xavier pelos emigrantes; sabe
fechar-se em confessionários para curar e consolar almas à procura de
Graça e Paz, como S. Cura d'Ars e Pe Pio. Quanta bondade e graça no
coração dos santos!
A Imaculada: todo amor
Se
os santos são maravilhosos, imagine Maria? Ela é Cheia de Graça, de
Vida Divina, de Amor Trinitário. Criada Santíssima, Virgem puríssima
sempre, Ela é semelhante a um cristal limpidíssimo que espelha
luminosamente a Caridade de Deus. Ela chegou ao ponto de nos doar Jesus,
seu Divino Filho e Infinito Tesouro do seu Coração, imitando
perfeitamente a Deus Pai que tanto amou os homens a ponto de entregar
Seu Filho à morte (cf. Jo 3,16). Ó Mãe Divina, como Te agradeceremos
pela Tua Caridade sem limites? Que violência transpassou pela tua alma,
fizeste Teu coração de Mãe imolar Jesus pela nossa salvação? Mãe divina e
doce, tua Caridade não pode ter iguais: é aos confins do infinito. Seja
sempre bendita.
Peço de morrer
Quem
ama de verdade a Mãe de Deus chega à semelhança com Ela e produz frutos
maravilhosos de Graça e virtude, sobretudo no exercício da Caridade. S.
Maximiliano tornou-se semelhante a Maria no sacrifício, tão louco era
seu amor: imolar sua vida de sacerdote, apóstolo, fundador das cidades
da Imaculada, pedindo de morrer em tenebroso bunker para salvar a vida
de um pai de família. Soube escolher a morte atroz naquele subterrâneo
de Auschwitz, mas o amor cresce gigante entre as dores gigantes. Ele,
amando loucamente Maria, feito conforme seu filho (cf. Rm 8,29) na
medida máxima do amor proclamado por Jesus: "Ninguém tem maior amor do
que aquele que dá a vida pelos seus amigos" (cf. Jo 15,13).
Votos
- A cada oração, renovar a intenção de agir só pelo Senhor e não pelos homens (cf. Cl 3,23);
- Pedir a Maria a virtude da caridade;
- Fazer uma visita a qualquer capela ou Igreja dedicada a Nossa Senhora
A Devoção à Nossa Senhora
Muito
conhecido, mas sempre belo e significativo este episódio: Uma mãe
ensina seu filho como fazer o sinal de cruz. Pega sua mãozinha e leva à
testa: "Em nome do Pai, Filho e Espírito Santo. Amém. Repete comigo."
"Mas, mãe, onde está a Mamãe?" Comovente intuição. A presença da mãe não
é secundária para a vida cristã. Ou seja: a devoção a Nossa Senhora não
é absolutamente um ornamento a mais, mas é indispensável. Ao contrário,
Jesus obscurece-se quando Maria está à sombra - escreveu o Pe. Faber -
ou seja, sem a devoção mariana, decai até o amor a Jesus. Neste sentido,
o grande S. Afonso Maria de Ligório queria a presença de Maria em tudo o
que fazia. Quando pregava, queria a imagem dEla junto aonde estava
pregando. Disse àqueles que estavam perto: "Hoje não fará grande efeito o
sermão, porque Nossa Senhora não está aqui". A Igreja ensina que a
devoção a Maria é moralmente necessária ao cristão para se salvar,
porque é elemento qualificador de piedade genuína da Igreja (Marialis
cultus, introdução) E ainda: a piedade da Igreja através da Virgem Maria
é elemento intrínseco do culto cristão (Ivi,56.) Nunca poderemos ficar
conformes a Jesus se não amamos Maria Santíssima como Ele. Este é o
elemento fundamental da vida cristã, dizia o Papa Pio XII. Maria deve
ocupar em nossa vida o lugar que a mãe ocupa na família, ou seja, o
lugar do centro vital, de coração e de amor. O que é uma família sem
mãe?
Ela nos une a Jesus
"Se
Deus nos predestinou para sermos conformes ao seu Filho (cf. Rm 8,29),
Maria - diz S. Luis Maria Grignion de Montfort - foi a fôrma que formou
Jesus e que continuou a formar Jesus em todos os que a Ela se entregam".
Esculpir uma estátua exige um grande trabalho; servir-se de uma fôrma é
muito mais simples. Por isso os devotos de Maria podem ficar conformes
Jesus no modo mais rápido, mais fácil e mais agradável, dizia S.
Maximiliano Maria Kolbe. Quando está fora do lugar, a mesquinha
preocupação de quem considera a Devoção a Maria com certa suspeição, ou
com o metro na mão, porque teme que se possa exceder, comprometendo a
plenitude da vida cristã e da mais alta santificação. É próprio todo o
contrário. A Igreja o ensina boníssimo. S. Pio X, em uma encíclica
mariana, recolhendo a voz dos padres e dos santos, escreve: "Ninguém no
mundo, quanto Maria, conheceu fundo Jesus. Ninguém maior é mestre e
melhor guia para fazer conhecer Cristo. Por consequência, ninguém é mais
eficaz do que a Virgem para unir os homens a Jesus." O Concilio
Vaticano II pontualizou que a devoção Mariana não só não impede
minimamente o imediato contato com Cristo, mas o facilita (Lumen
Gentium, n.0). O Papa Paulo VI acrescentou que Maria não só favorece
como tem a missão de unir a Jesus para reproduzir nos filhos os
lineamentos espirituais do Filho primogênito (Marialis Cultus, n.57).
Que tesouro, então, é uma ardente devoção a Maria!
Ela nos leva ao Paraíso
S.
Gabriel de Nossa Senhora das Dores disse ao seu Padre espiritual:
"Padre, eu tenho certeza de ir para o Céu." "E como o sabes?" Perguntou o
Padre. "Porque já estou lá! Amo Nossa Senhora, então estou no Paraíso!"
É assim mesmo! O amor a Maria é sinal de predestinação, garantia do
Céu, é amor de Paraíso. Este é ensinamento comum da Igreja. Basta
lembrar aqui 3 grandes Doutores da Igreja. S. Agostinho diz que todos os
predestinados se acham fechados no seio de Maria, por isso o amor a
Maria é um sinal precioso de salvação. S. Boaventura diz que quem é
assinalado pela devoção mariana será assinalado no livro da Vida. S.
Afonso de Ligório assegura que quem ama Maria pode estar tão certo do
Paraíso como se já lá se encontrasse. Se é sinal de predestinação, então
a devoção a Maria deve ser como o tesouro escondido no campo do qual
fala Jesus no Evangelho (cf. Mt 13,44). E precisamos mesmo tomar cuidado
e cultivar mesmo a devoção mariana porque S. Leonardo de Porto Maurício
chega a dizer que é impossível que se salve quem não é devoto de Maria.
E tem razão. O porquê diz S. Boaventura: "como por intermédio d'Ela,
Deus desceu até nós e ascendamos até Deus, e então ninguém pode entrar
no Paraíso se não passa por Maria que é a porta". Por isso quando S.
Carlos Borromeu fazia pôr a imagem de Nossa Senhora em todas as portas
das Igrejas, queria mostrar aos cristãos que não se pode entrar no
Templo do Paraíso sem passar pela "Porta do Céu". Como conclusão, se
temos a devoção a Maria, devemos guardá-la e cultivá-la com grande amor.
Se não a temos, peçamo-la com todas as forças como dom de Graça
principal deste mês de maio. Lembremos a esplêndida sentença de S. João
Damasceno: "Deus faz a graça da devoção a Maria àqueles que deseja
salvar". Que esta graça ocupe todo nosso coração. É uma graça que vale o
Paraíso. Tinha razão S. Pe Pio ao dizer que a devoção a Maria vale mais
que a teologia e a filosofia, e tinha razão S. Maximiliano ao dizer que
o amor a Maria faz viver e morrer felizes.
Votos
- 3 Ave-Marias de manhã e de noite para se entregar a Maria;
- Oferecer o dia para que se propague a devoção a Maria;
- Levar sempre consigo ou ter sob os olhos alguma coisa que lhe lembre Maria.
O Santo Rosário
Em
Lourdes e em Fátima, Nossa Senhora apareceu para nos recomendar
particularmente o Santo Rosário. Em Lourdes, Ela mesma desfiava a
esplêndida coroa enquanto Santa Bernadette recitava as Ave-Marias. Em
Fátima, a cada aparição, Maria recomendava a recitação do Santo Rosário.
Ainda mais na última aparição, em que Ela se apresentou como Nossa
Senhora do Rosário. É verdadeiramente grande a importância que Nossa
Senhora deu ao Rosário. Quando em Fátima falou da salvação dos
pecadores, da ruína de muitas almas ao Inferno, das guerras e do destino
da nossa época, Maria indicou, recomendou como oração salvífica o
Rosário. Lúcia dirá uma síntese que "desde que a Virgem Santíssima deu
grande eficácia ao Santo Rosário, não existe problema material,
espiritual, nacional ou internacional que não se possa resolver com o
Santo Rosário e com os nossos sacrifícios."
Salva e santifica
Um
episódio de graça. S. José Cafasso, numa manhã, passando pelas ruas de
Torino, encontrou uma pobre velha que caminhava toda curva, recitando
devagarinho o Rosário. Indagou-a porque rezava tão cedo. Ela disse que
estava limpando as ruas. Confuso, pediu que lhe explicasse o que queria
dizer. Ela respondeu que naquela noite, nas ruas daquela vila, havia
sido noite de carnaval, havendo muitos pecados. Rezando o Rosário, ela
perfumava o local manchado pelo pecado. Veja: o Rosário purifica nossa
alma das culpas e as perfuma com a Graça. O Rosário salva as almas. S.
Maximiliano escrevia na sua agendinha: "Quantas coroas, quantas almas
salvas!" Pensamos nisso? Todos poderíamos salvar almas recitando coroas
do Rosário. Que caridade de inestimável valor seria esta. O que dizer
das conversões dos pecadores obtidos com o Santo Rosário? Deveriam falar
S. Domingos, S. Luis Maria Grignon de Montfort, S. Cura d'Ars, S. Pe.
Pio de Pieltrecina... O Santo Rosário faz bem a todos: aos pecadores,
aos bons, aos santos...
Quando
a S. Felipe Néri perguntava qual oração escolher, sem hesitar,
respondia: "O Rosário! Recitai-o amiúde!" Também a Pe Pio lhe perguntou
um filho espiritual qual oração preferir para toda a vida. Pe Pio
respondeu logo: "O Rosário!" Sobretudo os santos demonstraram a eficácia
da graça do Rosário. Estes foram verdadeiros apóstolos do Rosário: S.
Pedro Canísio, S. Carlos Borromeu, S. Camilo Lélis, S. Antônio Maria
Gianelli, S. João Bosco... Entre os maiores, talvez, sobressaia-se S. Pe
Pio. No seu exemplo existe um prestigioso grau de sobre humano, pois
ele chegou a recitar mais de cem rosários, todos os dias, por muitos
anos. Um modelo gigante que garantiu a fecundidade do Rosário para a sua
santificação e para a salvação das almas. Quantos milhões de almas não
foram misteriosamente atraídas por aquele frade que por horas e horas,
dia e noite, desfiava a coroa aos pés de Nossa Senhora entre as mãos
sanguinolentas de chagas? Ele demonstrou verdadeiramente que "o Rosário é
corrente de salvação pendurada nas mãos do Salvador e da sua Ditosa Mãe
e que indica de onde descem a nós as graças e por onde deverá subir de
nós cada esperança” (Papa Paulo VI).
Todos os dias a coroa
Toda
a oração, toda a ciência e todo o amor de S. Bernadette parecia
consistir no Rosário. Sua irmã Tonieta dizia: "Bernadette não faz nada
além de rezar. Só sabe desfiar o Rosário". O Rosário é uma oração
Evangélica, Cristológica, Contemplativa em Companhia de Maria (Marialis
Cultus, n.44-47) . Louvor e impetração cobrem as Ave-Marias fazendo
escorregar a mente para o mistério presente na meditação. Que isto seja
aos pés do altar ou pela rua, não é um obstáculo para o Rosário. Quando a
mente se recolhe dirigindo-se a Maria, pouco importa se estamos na
Igreja ou no trem, caminhando ou voando de avião. Esta facilidade que o
Rosário oferece a quem quiser recitá-lo aumenta a nossa
responsabilidade. É impossível não achar um quarto de hora para oferecer
uma coroa a Maria. Em qualquer lugar, a qualquer hora, com qualquer
pessoa, sem livros nem cerimônias, em bom tom ou murmurando... Pensemos
nos Rosários recitados nos quartos de hospital por S. Camilo de Lelis e
por Santa Bertila Boscardin, pelas ruas de Roma por S. Vicente Pallotti;
nos trens e nos navios por S. Francisca Xavier Cabrini, no deserto do
Sahara por Frei Carlos Foucolad, nos palácios reais pela Venerável Maria
Cristina de Savóia, nos campos de concentração e no bunker da morte por
S. Maximiliano Maria Kolbe, sobretudo na família da Beata Ana Maria
Taigi; pelos pais de S. Teresa, pela mãe de S. Maria Goretti... Não
percamos tempo em coisas vãs e nocivas, quando temos um tesouro para
valorizar como o Santo Rosário. Digamos e prometamos a Maria a conclusão
do mês mariano: cada dia uma coroa do Rosário para Ti, ó Maria.
No Coração Imaculado
Em
Fátima, o Rosário foi o dom do Coração Imaculado de Maria. E nós
queremos concluir o mês mariano depondo nosso Rosário no Coração da
Imaculada com empenho de recitá-lo cada dia. O Rosário e o Coração
Imaculado de Maria assinalarão o triunfo final do Reino de Deus para
esta época. A devoção ao Rosário e a devoção ao Coração de Maria dizem
que as almas devotas do Rosário e do seu Coração Imaculado "Serão
prediletas por Deus e como flores serão colocadas por mim junto ao seu
Trono". Queira Ela mesma acender e conservar aceso em nós o amor ao
Rosário e ao Seu Coraçao Imaculado.
Votos
- Recitar um Rosário em agradecimento;
- Oferecer uma Santa Missa e uma comunhão em agradecimento;
- Consagrar-se ao Coração Imaculado de Maria.
Postado por
Mensagens Marianas
às
11:22:00
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